Companhia Ashtar Theatre apresenta “Oranges and stones” em Almada

Num calendário pautado pela diversidade, destaque para a peça “A sorte que tivemos – Um espetáculo sobre Abril”, encenada por Teresa Gafeira. Os textos são de António Cabrita, Jacinto Lucas Pires, Luísa Costa Gomes, Patrícia Portela e Rui Cardoso Martins.

Mais de meia centena de espetáculos (52) preenchem o cartaz, deste ano, do Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada, novamente marcado pela diversidade e qualidade da oferta cultural. É assim desde 2006, ano em que a Companhia de Teatro de Almada (CTA) passou a ser responsável pela programação deste equipamento. “Na altura foi uma aposta pioneira em Portugal. Excetuando, a Gulbenkian, nenhuma outra companhia tinha uma programação anual deste género”. recorda ao Semmais Rodrigo Francisco, diretor artístico da CTA.

O responsável classifica ainda como uma “quadratura do círculo” a ambição anual que a companhia tem de levar a Almada espetáculos e temas que sejam do agrado dos vários tipos de público. “Procuramos sempre aliar a máxima exigência artística e a qualidade ao ensejo daquilo que os espetadores querem ver”, refere.

Este ano assume especial importância o 50.º aniversário do 25 de Abril, data que influenciou a atividade da CTA. “Nessa época o Grupo de Campolide, que esteve na origem da nossa companhia, existia havia três anos. Mas sem as profundas alterações ocorridas no nosso país a partir de então, o Campolide não poderia ter-se profissionalizado e não poderia ter vindo para Almada, onde, com a colaboração de um poder local rejuvenescido, atuante e otimista, tem prestado a esta comunidade um serviço público de cultura cujo valor é unanimemente reconhecido”, sublinha Rodrigo Francisco.

Nesse sentido, a assinalar a efeméride destaca-se a peça, criada pela companhia, “A sorte que tivemos – Um espetáculo sobre Abril” com a encenação de Teresa Gafeira e textos de António Cabrita, Jacinto Lucas Pires, Luísa Costa Gomes, Patrícia Portela e Rui Cardoso Martins, com estreia marcada para 12 de abril e que estará em cena até 5 de maio. Ainda sobre os 50 anos da “Revolução dos Cravos”, referência para quatro exposições, promovidas em parceria com o Arquivo Ephemera, de José Pacheco Pereira, estando já patente, até ao dia 27 março, “A censura ao teatro”.

Teatro da Palestina é destaque internacional

O cartaz, além concertos, espetáculos para a infância e outras exposições, conta ainda com trabalhos vindos do estrangeiro. Face ao momento vivido no Médio Oriente, ganha particular relevância “Oranges and stones” da companhia Ashtar ¼eatre, sediada na Cisjordânia. Em cena entre 17 a 19 maio, na sala Experimental, a peça leva o público à época das primeiras emigrações judaicas para a região da Palestina na sequência da Declaração de Balfour de 1917, na qual se reconhece “o estabelecimento de um lar nacional para o povo judeu na Palestina” sem, no entanto, “prejudicar os direitos civis e religiosos das comunidades não-judias que já lá estão”.

“Fiquei a conhecer o interessante trabalho desta companhia no Festival de Teatro do Cairo e desde logo, muito antes de se reacender, por parte do Hamas, este sangrento conflito na região, encetamos contactos com eles para se apresentarem em Almada, fazendo parte da nossa programação”, revela Rodrigo Francisco, sublinhando que, apesar da complexidade e volatilidade do conflito em questão, a companhia “mantém a vontade de se deslocar”.

A destacar também, entre os trabalhos estrangeiros, os espetáculos “Nuit”, de Le Collectif Petit Travers (França), nos dias 17 e 18 de fevereiro e ainda “Sans Tambour”, do ¼éâtre des Bouffes du Nord & La Sourd (França), com encenação de Samuel Achache, nos dias 9 e 10 de julho e que integra o 41º Festival de Almada.