Salmão e bacalhau da Noruega “made in Sines”

Projeto inovador em Portugal é da responsabilidade de uma empresa que pretende investir 70 milhões de euros e iniciar a produção de peixe, em viveiros construídos em terra, já a partir do próximo ano.

O título não é engano. Trata-se de uma realidade que irá ganhar visibilidade a partir do final deste ano e no primeiro trimestre de 2025. Sines irá acolher um projeto de 70 milhões de euros, de uma empresa norueguesa, para a produção, numa primeira fase, de salmão, e mais tarde de bacalhau.

Arve Gravdal, CEO da Maiken Foods, a empresa que se prepara para começar a edificar na Zona Industrial e Logística de Sines (o contrato foi assinado no final de 2022), respondendo ao Semmais, lembra que este projeto, que contempla uma área de dez hectares, inclui “uma tecnologia inovadora para a criação de salmão e bacalhau em viveiros de terra”.

Em 2025, depois de o empreendimento entrar em funcionamento, a empresa estima que possam ser começadas a produzir as cerca de 6.000 toneladas de salmão que, a partir de Sines, começarão a ser vendidas em território nacional e que serão igualmente exportadas para diversos países da União Europeia, sobretudo Espanha e França.

“Este projeto criará, no mínimo, entre 60 a 80 postos de trabalho, estando o número final dependente da escolha da tecnologia de processamento”, indicou ainda aquele responsável. “Os viveiros em si requerem muito pouca área, menos de um por cento da total. A tecnologia específica, quer para o viveiro quer para toda a restante estrutura, baseia-se na recirculação de água, o chamado Sistema Dinâmico de Tratamento de Água, que foi criado pela Maiken Foods”, adiantou o empresário norueguês, explicando que serão usados biofiltros responsáveis pela nitrificação e desnitrificação, remoção do CO2 e de lodo que será formado a partir dos restos dos alimentos e dos dejetos dos peixes. “E importante que toda a água utilizada possa ser devolvida ao mar sem conter qualquer químico. Essa foi, de resto, uma das condições impostas pelas autoridades portuguesas para aceitarem o projeto”, disse ainda aquele responsável, referindo-se às exigências feitas pela Agência Portuguesa do Ambiente.

Empresa pretende alargar negócio ao setor das rações

Arve Gravdal referiu ainda que a produção anual da primeira fase do projeto será apenas relativa ao salmão (6.000 toneladas), mas que, posteriormente, esta será aumentada e que se iniciará igualmente a produção de bacalhau e, eventualmente, de outras espécies piscícolas.

A empresa pretende ainda, de acordo com o que foi adiantado ao nosso jornal pelo representante legal da empresa em Portugal, Nuno Rodrigues, tomar posse de alguns terrenos agrícolas, na zona de Sines, que não estão em uso. “O objetivo passa também por produzir ingredientes para rações, especialmente proteínas, em sistema de fermentação que será efetuada através da utilização hidrogénio verde como fonte de energia”, disse.

A escolha do nosso país para este tipo de negócio prendeu-se, em primeiro lugar, pela existência de uma linha costeira que permite o acesso à água do mar. O CEO da empresa promotora diz que “Portugal é considerado um dos melhores e mais seguros países da União Europeia para investir, só suplantado em questões de segurança pela Finlândia e pela Islândia”.