Câmara de Palmela promete mudar casas de renda apoiada para acessível em Aires

A Câmara de Palmela prometeu hoje transferir o regime de renda apoiada para renda acessível em metade dos 62 fogos que prevê construir em Aires, mas a população local continua a exigir a dispersão das novas habitações.

 A decisão anunciada hoje pelo presidente do município, Álvaro Amaro (CDU), e que foi aprovada em reunião pública do executivo camarário na quarta-feira, surge na sequência dos protestos dos moradores de Aires, que contestam a construção de 40 de 62 novas habitações de renda apoiada num espaço de 1.000 metros quadrados, argumentando que contraria o “princípio de integração social, que defende soluções dispersas, mistas e integradas”.

Em comunicado divulgado hoje, o presidente da Câmara Municipal de Palmela revela que “50% dos fogos que se prevê construir em Aires, para atribuição em regime de arrendamento apoiado, no âmbito da implementação da Estratégia Local de Habitação (ELH) de Palmela, passam a estar alocados ao regime de arrendamento acessível”.

No comunicado, o autarca palmelense refere que o município mantém a “disponibilidade para continuar a estudar outras soluções com a comunidade, considerando, também, o caráter dinâmico da ELH e a sua permanente adaptação às necessidades recenseadas”.

Álvaro Amaro remete mais esclarecimentos, sobre as medidas preconizadas no âmbito da revisão da estratégia, para uma reunião com os moradores a realizar dia 15 de fevereiro, pelas 21h00, no Cineteatro S. João, em Palmela.

Contactado pela agência Lusa, Nuno Cristóvão, da Comissão Instaladora dos Moradores da Zona de Aires (CIMZA), que diz representar mais de 1.000 moradores das zonas de Aires, Cabeço Velhinho, Volta da Pedra, Padre Nabeto e Estação de Palmela, considerou que a medida agora anunciada pelo presidente da Câmara de Palmela ainda “não responde às exigências dos moradores”.

“Nós não concordamos, porque vamos ter lado a lado quatro lotes de terrenos, dois com habitações de renda acessível e outros dois com renda apoiada. O que nós queremos é que a câmara use outros lotes disponíveis na freguesia de Palmela, que faça a dispersão desses fogos, para habitação apoiada e acessível, por outras zonas”, disse Nuno Cristóvão.

O responsável deu como exemplo de boas práticas para a integração dos novos moradores, a estratégia seguida pelo município no Pinhal Novo.

“O que está a acontecer no Pinhal Novo é a compra de fogos. E aí sim, há dispersão. A Câmara Municipal de Palmela está a comprar fogos aqui e ali e está, de facto, a dispersar as pessoas. O que continua a ser feito em Aires é praticamente o mesmo que já estava a ser feito e não altera em nada a nossa posição”, salientou.

Nuno Cristóvão assegurou ainda que os moradores vão continuar a lutar contra a concentração de um grande número de habitações de renda acessível e apoiada em Aires, para garantir a boa integração social dos novos moradores.