A ministra da Agricultura deverá responder hoje às reivindicações dos agricultores de Setúbal, em reunião que terá lugar na Câmara de Alcochete, disse à agência Lusa um agricultor do movimento cívico que organizou os protestos da passada sexta-feira.
“Mandámos as nossas reivindicações por escrito, como nos foi pedido, e agora aguardamos pelas respostas que a senhora ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, tem para nos dar, numa reunião que está marcada para hoje à tarde, pelas 17h30, na Câmara Municipal de Alcochete”, disse à agência Lusa Daniel Pacífico, do Movimento Cívico de Agricultores do Distrito de Setúbal.
O encontro da ministra com os agricultores surge na sequência do protesto de sexta-feira da semana passada, em que dezenas de tratores participaram numa marcha lenta na Autoestrada 33 (A33), entre a Moita e Alcochete, contra a falta de apoios aos agricultores para enfrentarem a falta de água provocada pela seca, a concorrência desleal de outros países e os preços baixos que são pagos ao produtor pelas cadeias de distribuição.
Nesse mesmo dia, representantes dos agricultores que participaram nos protestos no distrito de Setúbal tiveram uma reunião por videoconferência com a ministra da Agricultura, de onde saíram com a promessa de um novo encontro e de que o Governo vai encontrar respostas.
“Há um compromisso por parte da sra. ministra de encontrar algumas respostas e de nos voltarmos a encontrar na próxima semana. Até lá, vamos aguardar”, disse no final aos jornalistas José Estêvão, um dos representantes dos agricultores da região.
Segundo revelou à agência Lusa um dos agricultores envolvidos nos protestos da semana passada, a par de uma maior regulação da cadeia de distribuição, os agricultores da região de Setúbal consideram que também é necessário acabar com a concorrência desleal de países que utilizam químicos e adubos na produção, mas que exportam os seus produtos para a Europa sem estarem obrigados a cumprir as regras impostas aos agricultores da União Europeia.
Desde quinta-feira da semana passada que os agricultores portugueses se têm manifestado pela valorização do setor e condições justas, tal como tem acontecido em outros pontos da Europa.
O Governo avançou com um pacote de ajuda de mais de 400 milhões de euros destinados a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), garantindo que a maior parte das medidas entra em vigor este mês, com exceção das que estão dependentes de ‘luz verde’ de Bruxelas.
A Comissão Europeia vai preparar uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos 27 Estados-membros em 26 de fevereiro.
Os protestos dos agricultores portugueses são organizados pelo Movimento Civil de Agricultores, que se juntou às manifestações que têm ocorrido em outros países europeus, incluindo França, Grécia, Itália, Bélgica, Alemanha e Espanha.