Empresa líder na reparação naval vai distribuir três milhões de euros pelos trabalhadores. Aguarda que o Estado renove contrato que termina em 2027 para poder avançar para o desmantelamento de embarcações e fabrico de componentes de eólicas.
O Grupo Lisnave E anunciou, esta semana, que vai distribuir três milhões de euros pelos seus colaboradores. Trata-se de uma medida destinada a premiar o desempenho coletivo que, no ano passado, se traduziu num lucro total de 15,9 milhões. Para o ano em curso é expectável que a situação financeira melhore, mas para isso é necessário que seja assegurada a continuidade da concessão da exploração do estaleiro.
“A concessão da exploração do estaleiro foi atribuída pelo Estado em 1997 por um período de 30 anos. Termina, portanto, em 2027, o que… é já amanhã. Sem a certeza de que a Lisnave continuará a beneficiar da concessão é natural que haja uma contração na intenção de se efetuarem investimentos vultuosos”, disse ao Semmais o porta voz da empresa, Ricardo Serôdio.
Os investimentos mais avultados em questão passam, sobretudo, pelo desmantelamento de navios e pelo fabrico de equipamento para as eólicas offshore.
Sobre o desmantelamento de navios, intenção que a empresa já manifestou no ano passado, diz Ricardo Serôdio que é necessária que seja emitida uma certificação para o efeito. Esta é uma área de negócio que é aguardada com expetativa, uma vez que tem um número significativo de potenciais clientes. Atualmente muitos navios de todo o mundo são desmantelados na Ásia, onde as as regras ambientais e as condições de segurança para os intervenientes nem sempre são as mais satisfatórias.
“Ainda não fazemos o desmantelamento de navios. Primeiro é necessário que o estaleiro seja certificado para esse efeito. Para que isso aconteça, está dependente, entre outras coisas, que seja assegurada a a continuidade de exploração do estaleiro”, adiantou o mesmo interlocutor.
Empresa prepara negócio das eólicas offshore
Já sobre a produção do equipamento para as eólicas, o porta voz da Lisnave diz que “estão firmados vários acordos de princípio com diversas empresas que já detêm o know-how no fabrico de equipamento para as eólicas offshore. Mas também aqui o investimento está dependente da concessão do estaleiro”.
A renovação da concessão passa agora por um rápido acordo com o Governo. Ricardo Serôdio confirma que já foram estabelecidos contactos, mas que não é possível adiantar quais os termos e para quando a renovação. “Acreditamos que vá acontecer, mas não sabemos quando, até porque existe um novo Governo e naturais alterações nas Infraestruturas”, acrescentou.
As expetativas financeiras, apesar da indefinição relativa à concessão, continuam no entanto a ser grandes. “Há um número significativo de encomendas de elevado valor e complexidade técnica, incluindo vários retrofits (upgrades), dos quais se destacam cinco navios com substituição de bolbos de proa (trabalhos sujeitos a consultas internacionais) e uma transformação de um navio graneleiro em navio de transporte de sumo”, refere.
Ricardo Serôdio confirmou igualmente que está em curso a expansão da empresa para novos mercados: “Embora a Lisnave já tenha relações comerciais com países do mundo inteiro, está a ser desenvolvido um trabalho de marketing no sentido de explorar outros segmentos, tanto a nível geográfico como de especificidade técnica”.
No relatório de Gestão e Contas do grupo que foi apresentado em Assembleia Geral de Acionistas foi revelado que em 2023 a empresa totalizou vendas de 169 milhões de euros, com os lucros finais a atingirem os 15,9 milhões. Este valor é mais de metade dos sete milhões apurados um ano antes e corresponde “ao melhor resultado de sempre”, justificando-se assim a distribuição de três milhões de euros pelos trabalhadores, o que em alguns casos pode significar dois ordenados e meio extra.