O Japão e a França voltaram a consagrar os vinhos sediados em Fernão Pó. Um total de 24 medalhas atesta o crescimento de uma empresa que tem sabido ultrapassar os obstáculos que encarem o método produtivo. Vendas nacionais até subiram.
Japão e França são os países de proveniência de 24 medalhas que, nos últimos meses, distinguiram diversos vinhos da Casa Ermelinda Freitas. O ouro e a prata avultam em dois dos mais célebres concursos internacionais e, agora, abrem novas perspetivas de negócio aos produtos da península de Setúbal. Entre tintos, brancos e espumantes medalhados sobressai, contudo, um verde que até há pouco podia ser encontrado em algumas superfícies comerciais nacionais por uma quantia módica: cerca de dois euros. O ‘pai’ de todos estes produtos, o enólogo Jaime Quendera, explica este sucesso, descrevendo-o como um processo que implica centenas de horas de trabalho e cuidados infinitos, como os que se dão… aos filhos.
“O vinho é um ser vivo que precisa de um acompanhamento permanente. Não apenas na adega, mas a partir do momento em que se plantam as vinhas. Naturalmente que os mais complexos dão mais trabalho a fazer”, diz ao Semmais o responsável pelos néctares produzidos pela Casa Ermelinda Freitas (e também pela Adega Cooperativa de Pegões). “Cada vinho tem um protocolo, um estilo e uma maneira de fazer. Todos são diferentes e todos têm uma origem diferenciada. Isso significa que exista um constante acompanhamento analítico e bioquímico diferenciado para cada um dos produtos e que se procedam a correções sempre que é detetado um qualquer desvio”, explica o enólogo que ao longo da sua carreira já conquistou “milhares de medalhas” em Portugal e no estrangeiro.
“Há vinhos que agora voltaram a ser premiados, como o Quinta da Mimosa ou o Moscatel Roxo, que dão mais trabalho. São produtos que demoram, no mínimo, dois anos a serem elaborados. Sim, é verdade que muitas vezes, como enólogo, acordo a meio da noite porque me estou a lembrar de aspetos relacionados com a produção”, refere ainda o responsável pelos vinhos de uma das mais conceituadas casas vínicas de Palmela para exemplificar o quão complexo é o modo de elaboração.
Sobre os mais recentes êxitos obtidos na Ásia e em França, Jaime Quendera destaca os conquistados neste último país, no decurso do Challenge International du Vin 2024. “Foram 16 medalhas de ouro e duas de prata num dos mais consagrados concursos mundiais. A distinção que mais me surpreendeu foi a atribuída ao verde Gábia Clássico 2023, um vinho que nos supermercados custa cerca de dois euros. Isso prova que a qualidade do produto não se mede pelo preço”, afirma.
2024 é o melhor ano de sempre em distinções
Para os responsáveis da Casa Ermelinda Freitas, nomeadamente a CEO Leonor Freitas, este é, no que respeita à conquista de prémios, “o melhor ano de sempre”. “Desde 1999 a Casa Ermelinda Feitas já obteve mais de 2.000 prémios a nível nacional e internacional”, refere a mesma responsável, salientando que as mais recentes distinções são o reflexo “da capacidade de adaptação e crescimento contínuos”. “Se não olharmos para a evolução do mercado, se a empresa não se adaptar às necessidades do negócio, perde-se terreno e perdem-se vendas”, refere. Essa evolução, ainda de acordo com Leonor Freitas, traduz-se em “investimentos e atualizações nos sistemas de mecanização, aos quais é necessário recorrer cada vez mais devido à grande falta de mão de obra”.