Peça de teatro físico conta a história de Pauline, assombrada por dúvidas de infância e sobre as suas origens. O espetáculo recupera os horrores da guerra e das perseguições promovidas em França, durante a ocupação Nazi.
“Une Histoire Vraie” criado e encenado por Lionel Ménard, vai estar em cena este sábado, às 21h30, no Auditório Municipal do Fórum Cultural do Seixal. O espetáculo promovido pela Ajagato e é acolhido pela companhia Teatro da Terra.
A obra teatral conta a história de Pauline, a personagem que procura regressar à infância, assombrada por dúvidas inquietantes sobre as origens, e recupera os horrores da Segunda Guerra Mundial e das perseguições promovidas em França durante a ocupação Nazi. “Trata-se de um espetáculo de teatro físico, sem texto, mas, curiosamente, é bastante narrativo. Esta peça foi construída a partir de uma história verdadeira e as pessoas que assistem ao espetáculo seguem a história com muita facilidade. Mesmo que os atores não falem, o que fazem com a gestualidade e as ações conseguem comunicar com o público”, explica Mário Primo, presidente da Ajagato.
Este espetáculo, baseado na comunicação não verbal e na linguagem física, inspira-se nos ensinamentos que Lionel Ménard adquiriu quando foi ator na companhia de Marcel Marceau, o artista francês considerado o ‘mimo’ mais popular e enigmático do período pós-guerra. “Esta companhia promovia espetáculos de pantomima, onde era restringido aos atores qualquer linguagem verbal, qualquer som ou palavra. No nosso espetáculo, não somos tão puristas, mas existe alguma infl uência desta escola. Procuramos que a peça seja, sobretudo, narrativa, conte uma história amarga que mostra o aproveitamento dos mais fracos”, acrescenta o responsável.
Os elementos cénicos e figurinos, a areia negra no palco, jogos de luz, a argila espalhada pela face e corpo dos atores, vestidos com roupas simples, a que se junta uma trilha sonora simbólica transportam a obra para uma profundidade. “Apesar de não ter sido intencional, depois de construída, apercebemo-nos que a nível estético havia muito do estilo do criador polaco Tadeusz Kantor. Temos um tapete sonoro, que acompanha o espetáculo até ao fi m, de música que foi selecionada pelo Lionel Ménard, a grande maioria de autores franceses, que nos serviu durante o processo de criação”, explica Mário Primo.
Interpretada pelos atores Helena Rosa, Mafalda Marafusta, Marina Leonardo, Raul Oliveira, Rogério Bruno e Tomás Porto, a peça teatral nasceu de um trabalho de criação, com duração de cerca de um ano, entre o encenador francês e a Ajagato. “Já tínhamos recebido alguns espetáculos do Lionel Ménard e houve a oportunidade de construirmos este projeto. Ele tem as suas condições, uma delas era ser ele a escolher os atores e que estes passassem por um período específi co de formação com ele, num trabalho muito detalhado e exigente. Estreámos no fi nal de 2022 e estamos a ter um grande impacto no público. Já tivemos oportunidade de levar este trabalho à Polónia e à Alemanha e, por agora, temos 15 espetáculos marcados em todo o país”, revela.