O ministro da Defesa rejeitou responder hoje se o Governo está a ponderar privatizar o Arsenal do Alfeite, que se encontra tecnicamente falido, e salientou que a prioridade do executivo é salvaguardar os postos de trabalho.
Nuno Melo falava aos jornalistas no final de um Conselho de Ministros alargado aos secretários de Estado do XIV Governo Constitucional, que decorreu no Forte de São Julião da Barra, em Oeiras, altura em que foi questionado sobre se o executivo está a ponderar a privatização do Arsenal do Alfeite.
O ministro começou por dizer que qualquer solução “passará desde logo” pelo crivo do primeiro-ministro, Luís Montenegro, que o ouvia sentado ao lado do púlpito onde Melo falava.
“O que posso assegurar em relação ao Arsenal do Alfeite é que teremos um conjunto de soluções prioritárias de curto prazo e que terão em conta a salvação do Arsenal do Alfeite e a salvaguarda dos postos de trabalho”, salientou o governante.
Para Nuno Melo, o estaleiro “é estratégico” e o objetivo é tornar uma empresa “que hoje está cheia de problemas” numa empresa “lucrativa num mercado altamente concorrencial e garantir que a Marinha tem aí essa ferramenta sem a qual não existe”.
O ministro da Defesa escusou-se a mais comentários sobre o tema, afirmando que não dirá mais nada “antes de acertar e ter o acordo do primeiro-ministro” e ainda visitar as instalações do estaleiro e discutir com a nova administração um novo plano de ação.
No passado dia 19 de julho, o Governo anunciou que o Arsenal do Alfeite tem um novo conselho de administração, após demissão do anterior, e determinou que os responsáveis designados terão que apresentar um plano estratégico e de investimento com urgência.
Este anúncio teve lugar cerca de um mês depois de Nuno Melo ter afirmado, numa audição na Assembleia da República, que recebeu o Arsenal do Alfeite “tecnicamente falido” e que contraiu empréstimos de cerca de dois milhões de euros para pagar salários e cumprir obrigações fiscais.
“Recebemos um Arsenal do Alfeite tecnicamente falido, com inúmeros navios retidos muito acima do prazo previsto para a sua manutenção, causando um dano grande para o cumprir de missões, para a eficácia da Marinha Portuguesa mas a que teremos de dar resposta”, anunciou.
O Arsenal do Alfeite já atravessou, no passado, graves problemas financeiros que se chegaram a traduzir em atrasos de salários e até do subsídio de Natal em 2020 aos mais de 400 trabalhadores que constituem esta empresa, responsável pela reparação e manutenção dos navios da Marinha portuguesa.