As cúpulas da GALP preparam-se para fechar de vez as portas ao projeto Aurora Lith, que prevê a construção, em Setúbal, de uma mega refinaria de lítio, capaz de produzir 32 mil toneladas ano de hidróxido deste metal, cuja exploração em larga escala está previsto para o Norte de Portugal.
O Semmais sabe que mesmo com a publicação oficial, hoje, 26 de novembro, da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) no site da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional – Lisboa e Vale do Tejo (CCDRLVT), documento essencial para o arranque do projeto, o grupo empresarial prepara-se para desistir do projeto e dispensar os cerca de trinta especialistas, nacionais e estrangeiros que, nos últimos tempos, têm gizado a estratégia e os portfólios técnico e ambiental para a instalação da refinaria.
Recentemente, a parceira Northvolt tinha manifestado dificuldades financeiras para acompanhar os investimentos necessários, tendo mesmo declarado falência, situação que levou o grupo português a renegociar uma nova repartição de percentagem na Aurora Lith, assumindo 70% do capital acionista. “Este desfecho já se antevia, porque para além da questão financeira, os suecos só percebem de baterias e a Galp, apesar dos lucros registados o ano passado, tem medo e não está preparada para enfrentar novos desafios”, disse ao Semmais uma fonte ligado ao processo.
Ocorre, que a juntar à aprovação da DIA, que permitirá não só a luz verde para o projeto, mas também, como sugerem as fontes contactadas pelo Semmais, “reequacionar novos modelos de negócio e encontrar novos parceiros” sem deixar cair o empreendimento, há a considerar os cerca de 200 milhões que podiam ter sido garantidos via PRR e por outros fundos comparticipados.
A situação está a ser encarada como um “forte revés”, uma vez que o projeto sempre foi considerado estratégico para o país e, nomeadamente para a região de Setúbal. Em outubro desde ano e já perante os impasses do processo, o CEO da Galp, Filipe Silva, declarou incertezas sobre o retorno do investimento e, apesar de considerar o atual contexto de mercados “desafiante”, afirmou “não ter pressas” no desenvolvimento da refinaria.
Recorde-se que a publicação da Declaração de Impacte Ambiental, que estará em vigor durante pelo menos os próximos quatro anos, aponta para a construção da refinaria nas praias do Sado entre fevereiro de 2025 e novembro de 2027, sendo que a entrada em exploração está prevista para abril de 2028. O mesmo documento, indica a forte procura à escala mundial deste composto químico, em vários setores, especialmente face à crescente produção de veículos elétricos pela industria automóvel.
O projeto da Aurora Lith, que esteve em consulta pública entre 13 de setembro e 24 de outubro deste ano, prevê um investimento global de mais de mil milhões de euros e a criação de várias centenas de postos de trabalho.