O presidente da câmara de Setúbal, André Martins (CDU), acusou os vereadores eleitos pelo PS de fazerem um “aproveitamento político inqualificável” ao exigirem a execução do projeto inicial de requalificação da estrada da Mitrena e uma estrada alternativa.
“Isto é um aproveitamento político inqualificável de quem nunca esteve preocupado, nunca fez nenhuma intervenção quando o governo do Partido Socialista podia ter intervindo”, disse André Martins, admitindo que a obra não contemplou a construção de uma ciclovia e passeios pedonais, como estava previsto inicialmente, devido à insuficiência dos apoios financeiros.
Por outro lado, admitiu que as obras de requalificação da estrada da Mitrena, iniciadas no final de 2023, sofreram alguns atrasos, mas que já foram concluídas no passado mês de dezembro de 2024, faltando apenas a sinalética e os trabalhos de pintura, que deverão ser realizados logo que as condições atmosféricas o permitam.
“Naturalmente, nós lamentamos muito todos os impactos que a construção desta estrada teve na vida das empresas e na vida das pessoas. Mas as obras são um pouco assim. Eu acho que nós fizemos neste tempo reuniões, não sei se foram as suficientes, mas fizemos muitas reuniões no sentido de haver até cooperação entre as várias empresas”, disse.
André Martins adiantou ainda que aguarda por uma visita a Setúbal prometida pelo ministro das Infraestruturas, António Pinto Luz, para sensibilizar o governante para a necessidade de se construir uma via alternativa à estrada da Mitrena, que continua a ser a única via de acesso a dezenas de empresas daquela zona industrial.
O autarca lembrou que quatro dessas empresas utilizam ou fazem o armazenamento de substâncias perigosas e que, por isso, estão abrangidas pela diretiva Seveso da União Europeia.
A diretiva Seveso, que surgiu após um acidente catastrófico devido ao vazamento de um químico, que resultou na libertação de uma nuvem tóxica de dioxina, na cidade italiana de Seveso, em 1976, tem como objetivo a prevenção e minimização de riscos em caso de acidentes graves com produtos perigosos.
Na sequência da moção que apresentaram na sessão pública de câmara de quarta-feira, os vereadores do PS divulgaram uma nota de imprensa em que advertem para o perigo da inexistência de uma via alternativa à estrada da Mitrena e para o “risco de segurança para os milhares de trabalhadores que operam naquele parque industrial e que, em caso de sinistro, ali ficarão bloqueados”.
Na nota, os autarcas do PS exigem também que a estrada da Mitrena seja dotada do “perfil adequado às necessidades do presente e do futuro, não só com a implantação de uma ciclovia e de um passeio pedonal, mas também com a criação de duas vias de trânsito em ambos os sentidos da faixa de rodagem”.
A requalificação da estrada da Mitrena, que tinha um projeto inicial na ordem dos 6 milhões de euros, foi adjudicada pela Câmara de Setúbal por 3,9 milhões de euros, no final de 2023, mas, segundo admitiu hoje o presidente da Câmara de Setúbal, o custo final da obra deverá ser superior a 4,4 milhões de euros.