Após a análise dos votantes almadenses, e sobre as causas desse mesmo acto à boca das urnas, existem duas maneiras de olhar para as consequências dos resultados nas últimas legislativas no concelho de Almada.
Assim, é importante dissecarmos tendo em conta as próximas eleições autárquicas e as possibilidades de perdas e ganhos que possam advir.
As estratégias autárquicas de cada candidatura, não podem deixar de ter em conta para a refl exão esses resultados, a procura de ilações mais de acordo com os respetivos objectivos e os factores personalistas que são imprevisíveis
O partido CHEGA é uma incógnita. Uma coisa é votar André Ventura, outra é votar num candidato autárquico que vá conseguir um bom resultado, o que parece não ser admissível tendo em atenção o contexto.
A Comissão Democrática Unitária, e o seu candidato Luís Palma – presidente da União das Freguesias de Laranjeiro e Feijó – têm pela frente uma tarefa hercúlea, ou seja, manter o número de representantes na vereação de uma câmara que, em tempos idos foi um dos seus baluartes e que surgem no meio de uma tempestade eleitoral.
A Aliança Democrática PSD/CDS, aposta no ex-autarca de Mafra o social democrata Hélder Sousa e Silva o qual à priori parece não ter uma vida fácil, e cujas expectativas são mais comedidas, num terreno que nunca lhe foi fácil, e que presentemente tem como factor de avaliação a nova linha política na estrutura local, desejando explicitamente um resultado político bem diferente dos anteriores .
O Partido Socialista que tem vindo a fazer com Inês de Medeiros um trabalho de certo modo continuado, cujas apostas têm sido renovadas.
Será que agora as próximas propostas irão conquistar de novo os eleitores?
Vamos ver, se a estratégia do seu programa autárquico lhe dará o terceiro mandato.
Por fi m, o Bloco de Esquerda, que se apresenta com uma nova candidatura encabeçada por Sandra Cunha, a qual poderá dar continuidade à representatividade bloquista, ou na hipótese mais amarga o fi m da sua permanência no assento da oposição .
Em face do momento político actual, embora sejamos defensores que as eleições autárquicas são bem diferentes das legislativas, parece-nos ser o mais provável que nenhuma força política venha a conseguir uma maioria para governar Almada, e que seja mais uma vez necessário fazer acordos de modo assegurar estabilidade na vida municipal.
Excluindo à partida acordos antecipados, é contudo justo pensarmos que algumas forças à esquerda ou à direita apresentem sinais favoráveis para uma viabilização de uma solução estável num período de vivência tão difícil e complexa, que se espera tanto a nível nacional, como local.
Nas eleições para as autarquias, a credibilidade dos candidatos é um activo positivo de ímpar importância para resolução dos problemas e carências.
Não vale a pena acentuar-se posições ideológicas ortodoxas, porque quem fi cará sempre a perder será as populações.
O paradigma mudou, e mais uma vez os almadenses tem do seu lado a voz e a razão.
Artur Vaz – Escritor


