O porto de Setúbal deve continuar a crescer para cimentar ainda mais a sua capacidade importadora e exportadora. Alteração dos PDM pode atrair mais e melhores investidores.
Os concelhos da península de Setúbal são, tradicionalmente, dos principais polos industriais do país. São milhares as pequenas, médias e grandes indústrias que ali se localizam, havendo prevalência de empresas ligadas a áreas como a metalurgia, a farmacêutica, a construção civil, a aeronáutica, petrolífera, automóvel ou agricultura. Dessas mesmas mais valias dá conhecimento o diretor geral da Associação da Indústria da Península de Setúbal (AISET) que, no entanto, sublinha a necessidade de captar mais e melhor investimento.
“A península de Setúbal constitui um dos poucos ecossistemas industriais do país, contribuindo significativamente para o PIB nacional e para as exportações”, diz ao Semmais Nuno Maia. “Existe uma base formada por várias empresas industriais exportadoras de grande dimensão, que estabelecem uma cadeia de fornecimento local também relevante no que respeita a logística, componentes, manutenção e serviços conexos como a segurança, a inspeção e a formação”, acrescenta o responsável da AISET em representação da cimenteira Secil.
Fazendo uma leitura do tecido empresarial instalado no distrito, Nuno Maia refere que se integram no território “unidades industriais de grande dimensão em vários setores – do automóvel à pasta de papel, da reparação naval aos produtos siderúrgicos ou cimentos, entre outros – com forte vocação exportadora”.
“É crucial a existência do porto de Setúbal como canal primordial de importação de matérias primas e de exportação de produto acabado”, refere ainda o mesmo responsável, salientando também que “é necessário que a infraestrutura portuária mantenha e amplie a sua vocação de porto industrial, focado nos seus clientes chave e com cada vez melhores soluções logísticas para os servir”.
Desafios da descarbonização e alterações urgentes
Nuno Maia entende que, face aos desafios que se colocam ao tecido industrial, nomeadamente os que se relacionam com a descarbonização e transição energética, transição digital, circularidade e capacitação de capital humano, é necessário aumentar o investimento de cada empresa, mas também aquele que deverá ser efetuado com capitais públicos.
“São necessários investimentos diretos das empresas, mas também investimentos públicos e políticas públicas integradas numa lógica de sustentabilidade que suportem estas transições no que respeita ao sistema educativo, formativo e de investigação científica vocacionada para a inovação”, refere aquele responsável.
“Há uma urgente necessidade de alterar os PDM locais para permitir uma melhor captação de investimento nacional e estrangeiro e concluir rapidamente a constituição da Comunidade Intermunicipal da Península de Setúbal para termos o veículo institucional mais adequado à concretização de aplicação de fundos comunitários após 2027, que já abrangerão esta região de convergência, cujo PIB, apesar desta vertente industrial, é ainda inferior a 65 por cento da média comunitária e que revela elevados índices de pobreza e de falta de coesão económica e social, conforme evidenciam as recentes estatísticas, publicadas pelo INE, relativas à NUTS III Península de Setúbal de 2023”, sublinha a o mesmo representante das indústrias da península.








