Hospitalização domiciliária é aposta ganha em Almada/Seixal

Em dez anos foram tratadas 4.800 pessoas. Desenvolveu-se a literacia em saúde e foram efetuadas mais de 60 mil visitas. O mais difícil nesta tarefa, que liberta o hospital e os seus profissionais, é arranjar verbas para preencher as equipas multidisciplinares.

A Unidade de Hospitalização Domiciliária da Unidade Local de Saúde Almada/Seixal cumpriu esta semana dez anos de existência. Em tempo de balanço, este serviço médico pioneiro em Portugal, foi responsável pelo tratamento de 4.800 pessoas. Um número que impressiona e que deixa os seus responsáveis a acreditarem que para o ano o desempenho pode ser melhorado, com o serviço a passar a ser considerado como centro de responsabilidade integrada e, em consequência, passar a dispor de mais meios financeiros, humanos e materiais.

A somar aos 4.800 doentes tratados em dez anos, a coordenadora do serviço, Vitória Cunha, explicou ao Semmais que no período em apreço foram também realizadas 60 mil visitas e que os quilómetros percorridos em serviço pelos médicos e enfermeiros dariam para, por exemplo, completar dez voltas à terra.

“O balanço é muito positivo e enche-nos de orgulho. Temos equipas multidisciplinares, que abrangem quase todas as especialidades, e temos contribuído para que muitas pessoas passem a ser tratadas em casa, num ambiente mais favorável, porque estão acompanhados pelos familiares quase em permanência, porque assim contribuímos para o desenvolvimento da literacia em saúde e, sobretudo, porque conseguimos dar uma dimensão mais humana”, adiantou a responsável da Unidade de Hospitalização Domiciliária.

Vitória Cunha, referindo-se à aceitação que o serviço tem, diz que existe uma taxa de satisfação que ronda os 95 e os 96 por cento. “Os receios iniciais dissiparam-se e agora, mesmo as pessoas que nunca ouviram falar, acabam por aceitar. São muito poucas as recusas. A excelência do trabalho desempenhado tem sido, de resto, alvo de diversas distinções, a última das quais foi da Direção Geral de Saúde, que atribuiu uma certificação de Nível Ótimo”, disse.

Atividade iniciou com um médico permanente

Em novembro de 2015, quando foi criado, o serviço dispunha de cinco camas e todo o trabalho era assegurado por um médico em regime fixo, quatro em rotação e ainda quatro enfermeiros. Agora, de acordo com a coordenadora, já tem 20 camas e tem em permanência cinco médicos e 13 enfermeiros. Além disso existem ainda mais quatro médicos em prevenção, uma assistente social, um nutricionista, uma farmacêutica, assistentes técnica e operacional e um administrador hospitalar. “Fazemos o mesmo que os médicos fazem nos hospitais. Há segurança e rigor clínico tendo sempre presente as necessidades humanas dos doentes e dos seus familiares”, referiu Vitória Cunha, lembrando que o serviço contou sempre com forte apoio das administrações do Hospital Garcia de Orta e que os bons resultados obtidos motivaram o surgimento em todo o país de pelo menos mais 50 unidades que desempenham as mesmas tarefas.

“Apesar de todo o bom trabalho reconhecido, temos de dizer que continuamos com grandes dificuldades para reforçar os recursos humanos. Mas os próprios médicos e enfermeiros que trabalham na Unidade de Hospitalização Domiciliária estão plenamente satisfeitos com os resultados e contribuem decisivamente para que seja prestado apoio a quem precisa durante 24 horas por dia”, afirmou.