O livro de David Martins é um testemunho pessoal de uma missão de décadas de dedicação à medicina, ao altruísmo e aos doentes. “Segredos da vida de um médico” revela tudo de forma muito crua e sentida.
Nas mais de 500 páginas do livro “Segredos da vida de um médico”, conta-se a história, o percurso e a essência da vida de David Martins, hoje com 70 anos, que dedicou mais de quatro dezenas de anos ao Serviço Nacional de Saúde.
O médico, oftalmologista de carreira e de especialização, recusa tratar-se de uma homenagem a si próprio, antes pelo contrário. “É uma homenagem à minha família, aos meus professores e colegas, aos meus doentes e a todos os que, de uma forma ou de outra, acompanharam o meu trajeto de vida”, refere na introdução da obra. E reitera ao Semmais que parte do livro “são relatos e testemunhos” de pessoas que “vincaram” a sua vida.
Foram esses colegas, amigos e doentes que encheram o salão nobre da câmara de Setúbal, no último sábado, para um abraço e um autógrafo. “Para além do médico, estamos a falar de um homem que tem uma obra social de grande importância para a região, nomeadamente nos Socorros Mútuos de Setúbal”, lembrou Fernando Paulino, que preside a esta instituição, de que David Martins é ainda presidente da Assembleia-Geral.
A apresentação da obra, da responsabilidade da editora “By the Book”, com prefácio do Padre Vítor Melícias, que enalteceu “o feliz itinerário de um grande médico e grande homem”, esteve a cargo de Filipe Inácio, colega alergologista, e da Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, que rasgaram elogios ao profissional, pela “dimensão humanista” do seu percurso.
Durante a sessão, o médico, que iniciou atividade em 1997, apresentou em diálogo com o jornalista Raul Tavares, alguns dos doentes que ajudou a recuperar, como uma menina de três anos a quem foi diagnosticado um tumor maligno raro ou, entre outros, o caso de um jovem, atualmente judoca, operado, aos nove anos, a um grave deslocamento de retina.
A obra de David Martins, filho de missionários em Angola, onde nasceu, relata a sua infância e parte numa viagem de memórias que trespassa a juventude, os primeiros estudos, a entrada em medicina, a carreira médica e, entre outros, a intervenção cívica.
A sua relação com Setúbal domina também grande parte dos testemunhos, evocando a fase em que se tornou diretor do Hospital S. Bernardo, considerando terem sido “os dias mais difíceis da sua vida”, nomeadamente com a ampliação daquela unidade ocorrida sob a sua gestão.
Homem de família, no livro, o autor lembra todos os seus entes queridos, e na apresentação pôde contar com a presença dos seus três filhos – dois dos quais presentearam-no com momentos musicais, e a mulher Carla, que testemunhou a vertigem da escrita e azáfama do processo que decorreu em sua casa em tempos de pandemia.





