A vitória do Chega em Setúbal!!! Uma reflexão sobre a realidade política

No domingo dia 18 de Maio de 2025, a cidade de Setúbal assistiu a um marco notável nas suas votações, com o partido Chega a conquistar uma vitória significativa, superando o Partido Socialista (PS), que até então tinha dominado o cenário político local em 2024.

Este resultado, que se traduz numa alteração no panorama político da região, levanta questões relevantes sobre as dinâmicas eleitorais atuais e o estado de espírito da população.

Entre 2024 e 2025, observou-se uma queda abrupta do apoio ao PS, que perdeu cerca de 4.340 votos, enquanto o Chega aumentou a sua base de apoio, obtendo mais 4.266 votos. Este fenómeno não deve ser visto apenas como um simples jogo de números, mas sim como um reflexo das preocupações e descontentamentos da população. É interessante notar que a maioria dos eleitores parece não estar tão focada na leitura dos programas partidários, mas sim na identificação emocional com o discurso e na percepção das realidades que enfrentam diariamente.

A verdade é que muitos eleitores procuram, mais do que soluções técnicas ou planos a longo prazo, alguém que verbalize as suas frustrações e inquietações. A ideologia política de esquerda, centro ou direita, noto que já não é um fator determinante para muitos.

O que os cidadãos desejam é ver as suas preocupações reconhecidas e, acima de tudo, ouvidas. A ascensão do Chega é, de alguma forma, uma chamada de atenção para os partidos tradicionais, que parecem estar cada vez mais desconectados das realidades que afetam a vida dos eleitores.

Enquanto os partidos continuam a olhar para dentro, debatendo questões internas e desconsiderando o descontentamento crescente, o radicalismo que eles tanto temem continuará a prosperar. A ideia de que o país se limita a Lisboa ou Porto é uma falácia.

Setúbal, assim como muitas outras regiões, tem mostrado, nas urnas, que as suas vozes também devem ser ouvidas e respeitadas.

É crucial que, no futuro, haja uma ligação mais forte entre os partidos políticos e os seus eleitores, focando-se nas preocupações reais da população. As próximas eleições devem ser uma oportunidade para que os partidos aprendam e reajam de forma assertiva às inquietações dos cidadãos e não apenas apresentem teorias que fazem ecoar apenas nas suas câmaras.

Este descontentamento popular é um reflexo genuíno das vivências, anseios e medos de uma população que já não se deixa levar pelas demonizações políticas. O paternalismo que caracterizou o tratamento dos eleitores do Chega nas eleições de 2024 teve agora o seu preço. A falta de uma análise crítica e profunda das realidades sociais do distrito de Setúbal e do Alentejo, culminando no Algarve, resultou no abandono de cidadãos que se sentem esquecidos pelas políticas à margem da sua dura realidade.

É importante que os partidos do arco do governo compreendam que questões como emigração, subsídios mal direcionados, e a insatisfação generalizada com a administração pública estão a minar a confiança democrática. Enquanto continuarem a utilizar argumentos como fascismo, racismo ou xenofobia para descrever o Chega, ignorando as suas raízes no descontentamento popular, este partido continuará a aumentar a sua influência.

Os resultados eleitorais de 2024 e 2025 dos partidos de esquerda são um indicador claro de um problema mais profundo. O PS, o Bloco de Esquerda e a CDU perderam perto de 51.000 votos no distrito de Setúbal, resultado de uma desconexão com a população, incluindo os reformados que outrora se mostravam fiéis ao partido. O desafio é imenso, é necessário que os autarcas e líderes, tanto a nível local como nacional, adotem políticas verdadeiramente inclusivas e que tratem das questões sociais de forma séria, em vez de se limitarem a promessas vazias ou a uma abordagem oportunista.

Assim, o futuro político em Setúbal e nas terras circundantes dependerá, em grande medida, da capacidade dos partidos em reconhecer e atender às preocupações da população. O verdadeiro desafio reside na habilidade de cada partido em escutar e agir com base nas necessidades e inquietações dos seus cidadãos, promovendo um diálogo construído na confiança e na verdadeira aproximação à realidade social.

Somente assim poderão inverter a tendência de descontentamento e assegurar o seu lugar nas futuras eleições, incluindo as autárquicas.

Por final, estas eleições trouxeram-me alguma satisfação, ou seja, os intlectualoides de esquerda foram reduzidos à mínima expressão.

Carlos Cardoso – Gestor