Chegou o verão, a estação em que todos nós, setubalenses, ansiamos por sol radiante e águas salgadas. É essa a época do ano em que as praias da nossa belíssima baía deveriam ser a recompensa pelo trabalho árduo dos meses anteriores. No entanto, parece que a realidade está longe de corresponder a essa nossa expectativa.
Os nossos autarcas, a quem confiámos a gestão do nosso município, revelam-se cada vez mais desatentos às necessidades e desejos dos cidadãos. Enquanto nos dizem que temos uma das mais belas baías do mundo, que as suas praias são das mais bonitas da Europa e que as águas cristalinas são de fazer inveja a qualquer destino turístico, a verdade é que, para o setubalense comum, o acesso a esses paraísos está obstruído.
Não me venham com soluções fáceis e acessíveis como o transporte público. A realidade é que os autocarros são escassos e, quando existem, a incerteza de conseguir um lugar, especialmente nas horas de maior afluência, torna-se uma tarefa quase hercúlea.
Os cidadãos que desejam ir até à Figueirinha encontram barreiras logo na Gávea, sem qualquer alternativa viável. A famosa rotunda de plástico feita este ano na figueirinha e inaugurada em grande pompa e circunstância, parece mais uma miragem do que uma solução prática.
E que dizer daquele caminho vedado pela iminente queda da famosa pedra a seguir ao túnel da figueirinha?
Até poderíamos criar um dito popular, que poderia ser assim, com todo o sarcasmo, “Nem a pedra cai nem a gente vai para a praia”.
Lamento constatar que as novas ações dos autarcas pareçam estar reservadas para o mês de outubro, quando políticas e promessas surgem como cogumelos neste nosso período estival. Tanto dos autarcas presentes como dos autarcas que se candidatam, Enquanto nada se resolve já se vai ouvindo anunciar marinas, hotéis, pavilhões, casas muitas casas e alguns milionários que irão alavancar a nossa economia, com a vinda de muitos milhões para criar empresas com milhares de postos de trabalho, como se agora é que fosse verdade, eu só vejo a repetição de promessas vazias e as mesmas dificuldades para aceder àquilo que deveria ser um direito fundamental, a nossa qualidade de vida é acima de tudo as nossas praias.
É frustrante constatar que os autarcas parecem preferir estar em festas, ou em espectáculos ou quem sabe estar de férias em destinos exóticos, longe da realidade setubalense, do que efetivamente enfrentarem os desafios da sua gestão que se vem arrastando ano após ano sem resolução e colocando sempre o ónus da culpa nos outros, entidades ou organismo do Estado.
Para eles, Setúbal, nesta altura do ano, parece ser apenas uma fonte de problemas, enquanto nós, cidadãos, só pedimos pelo que é nosso, a pouca liberdade de poder desfrutar do nosso sol e das nossas praias.
Se de alguma coisa temos de nos orgulhar, são as nossas praias, que continuam a brilhar, mesmo quando as ações e as promessas daqueles que nos governam não se traduzem em resultados práticos.
Será que alguma vez irei ver os autarcas da minha cidade a terem organização e método, de modo que todas as suas belezas naturais, estejam finalmente ao alcance de todos.
Sempre ouvi dizer na minha vida “Quando não quero arranjo uma desculpa, e quando quero arranjo uma solução” por cá este verão vou continuar a ouvir desculpas. As soluções só para depois das eleições.
Carlos Cardoso – Gestor


