Trabalhadores da Autoeuropa contra alterações à legislação laboral

As Comissões de Trabalhadores do Parque Industrial da Autoeuropa e representantes de sindicatos da CGTP e UGT pronunciaram-se quarta-feira contra as alterações legislativas propostas pelo Governo e apelaram à participação nas iniciativas das duas centrais sindicais.

A posição das Organizações Representativas dos Trabalhadores (ORTs) foi anunciada após uma reunião para analisar a atual situação política e laboral no Parque Industrial Volkswagen Autoeuropa, em Palmela, no distrito de Setúbal.

“Foi manifestado por todos os presentes que o anteprojeto de Lei do Trabalho XXI apresentado pelo Governo terá a oposição por parte de todas as ORTs, que se mostram disponíveis para reunir todos os esforços no combate às alterações laborais levadas a cabo pelo atual Governo”, lê-se num comunicado da Coordenadora das Comissões de Trabalhadores do Parque Industrial da Autoeuropa.

“Apelamos a todos os trabalhadores que participem nas várias iniciativas de luta convocadas por quaisquer das centrais sindicais, nomeadamente na que está agendada pela CGTP no Marquês de Pombal, para o próximo sábado, dia 20 de setembro, às 15h, em Lisboa”, acrescenta o documento.

As alterações previstas na proposta — designada “Trabalho XXI” e que o Governo apresentou em 24 de julho como uma revisão “profunda” da legislação laboral — visam desde a área da parentalidade (com alterações nas licenças parentais, amamentação e luto gestacional) ao trabalho flexível, formação nas empresas ou período experimental dos contratos de trabalho, prevendo ainda um alargamento dos setores que passam a estar abrangidos por serviços mínimos em caso de greve.

De acordo com o comunicado, na reunião foi também analisada a situação de diversas empresas do parque industrial, nomeadamente os despedimentos e o recurso ao lay-off em algumas empresas, bem como um ciberataque na Jaguar Land Rover.

As Comissões de Trabalhadores manifestaram também preocupação com o impacto que os volumes de produção dos novos modelos a serem produzidos na Autoeuropa, que poderá ser positivo para as empresas que continuam a ser fornecedores da Autoeuropa, mas que coloca em causa postos de trabalho nas empresas que perderam esse estatuto de fornecedoras.

Segundo informação das comissões de Trabalhadores, o Parque Industrial da Autoeuropa tem atualmente mais de 10.000 trabalhadores, metade dos quais (cerca de 5.100) na fábrica de automóveis da Volkswagen, e os restantes em diversas empresas instaladas junto à fábrica do grupo alemão Volkswagen.