AHRESP nacional descentraliza e núcleo distrital agarra desafios futuros

O novo núcleo distrital da AHRESP quer reforçar parcerias, atrair mais associados, apostar mais na formação e valorizar carreiras. É uma empreitada grande, mas também um desafio para ganhar.

A criação do núcleo distrital de Setúbal da AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, é uma lufada de ar fresco para o setor e pode ajudar a aproximar mais os associados e desenvolver parcerias.

É pelo menos esta a convicção da equipa liderada por Daniel Piedade, que preside ao núcleo e prepara-se para lançar um plano estratégico. “Vamos apoiar mais as empresas locais a elevar o reconhecimento do setor na região, através da valorização dos seus profissionais e suas carreiras, bem como enfrentar o problema da falta de mão-de-obra qualificada e apostar na formação”, explica ao Semmais.

O reforço da imagem da instituição é outro desígnio para o líder no distrito que lembra não ter sido fácil tornar a AHRESP “a maior associação empresarial do país e da região”, só possível “com muitas batalhas”. E acrescenta: “Com resiliência e unidos, pretendemos apoiar os nossos associados a ultrapassar o período negro que estamos a passar”.

Para já importa identificar problemas, a começar pelo facto de o setor estar de costas voltadas. “Há uma falta de estratégia regional para a captação de turistas. Cada entidade, autarquia ou empresa está a pensar e a agir sozinha. O que pretendemos é ser o elo agregador de todas as boas ideias”, garante Daniel Piedade. Neste sentido estão a ser realizados contatos com as câmaras e outras entidades para potenciar “a dinâmica empresarial muito forte” que o distrito apresenta.

 

O ‘calcanhar de Aquiles’ da falta de mão-de-obra

Lembrando que o agravar da falta de mão-de-obra tem impedido as empresas da região de “consolidarem os seus negócios e expandirem outros objetivos”, o presidente do núcleo não tem dúvidas que “só com a união de todos” haverá forma de encontrar soluções para este drama. “Temos que reunir periodicamente, trocar experiências e reforçar ligações”, afirma.

Por isso, o grande mote para este desafio é atrair novos profissionais e apoiar a qualificação dos que já operam no setor, de modo a evoluírem nas suas carreiras. Na forja está o incremento das relações com os centros de formação e a Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, cujos finalistas, até há pouco tempo, “não estavam a ser colocados nas empresas do distrito”.

Por outro lado, Daniel Piedade confirma haver já, nesta fase, “uma disponibilização de serviços exclusivos e tecnicamente especializados” às empresas. “Somos a única associação nacional dedicada inteiramente às empresas do setor do turismo, não há nenhuma outra. Respiramos, pensamos e agimos em prol do turismo”, salienta ao Semmais.

Conscientes das dificuldades do atual momento, a equipa da AHRESP no nosso território quer também ajudar a manter as empresas de porta aberta e garantir postos de trabalho, invertendo a sangria de encerramentos que se tem verificado nos últimos tempos. “Os números a que temos tido acesso são alarmantes para um setor que sempre foi tão importante para a economia da região”, lembra.

 

Um grande ‘chapéu’ que movimenta milhões

Daniel Piedade (Sesimbra) lidera uma equipa de empresários da restauração composta por Rute Marques (Setúbal), Luís Oliveira (Seixal) e João Carreira (Almada). Com sede na cidade do Sado, o núcleo pretende reforçar a presença territorial no distrito, estando praticamente fechado com a autarquia um posto de atendimento no Seixal. A AHRESP representa a restauração, pastelarias e cafés, animação noturna, restauração coletiva, restauração de serviço rápido, indústria do comércio alimentar, hotelaria e alojamento local e hotelaria ao ar livre. Neste lote, inclui-se, por exemplo, os parques de campismo, que no distrito lideram o ranking nacional. Os números são de grande importância para a economia regional. Segundo o INE, em 2020 existiam no distrito de Setúbal 7.451 empresas (1.549 no alojamento e 5.902 na restauração), que empregavam 20.893 pessoas (3.078 no alojamento e 17.815 na restauração). No ano em referência o volume de negócios gerou 591 milhões de euros (75 milhões no alojamento e 516 milhões na restauração).