Setúbal aguarda classificação da Arrábida e vai apostar forte no enoturismo

Em 2024, na península, registaram-se mais de 1,5 milhões de dormidas. No futuro, com a classificação da Arrábida pela UNESCO, aguarda-se um maior impulso da atividade, facto que também já se notou nos primeiros cinco meses deste ano.

O distrito de Setúbal afirma-se, de ano para ano, como um destino turístico de eleição. As praias, sejam as da península sejam as do Litoral Alentejano, continuam a ser o principal chamariz de milhões de visitantes. Floresce, contudo, o turismo relacionado com a natureza. A candidatura e previsível classificação da Arrábida como Património da UNESCO, promette trazer ainda mais gente a um território que em 2024 ultrapassou os 1,5 milhões de dormidas.

“A passagem da Serra da Arrábida a património da UNESCO irá, por certo, revolucionar o turismo no distrito e, sobretudo, nos concelhos de Setúbal, Palmela e Sesimbra”, diz ao Semmais a presidente da Entidade Regional de Turismo (ERT) de Lisboa (onde se inclui o distrito de Setúbal Carla Salsinha. “Em setembro, a partir do dia 20, se como esperamos a candidatura for aprovada, haverá uma revolução no turismo distrital, uma vez que deverão surgir novos projetos e eventos relacionados, sobretudo, com a sustentabilidade ambiental”, acrescenta.

Carla Salsinha entende, por outro lado, que o futuro do turismo no território passa também pela criação de um plano de comercialização e vendas para empresas de micro e pequena dimensão, empresas essas que se poderão vir a instalar em zonas de menor densidade populacional e que se mostrem empenhadas na promoção da sustentabilidade ambiental, mas também em todos os aspetos relacionados com as atividades económica e social”.

Após considerar que Setúbal “é uma zona de excelência”, a responsável da ERT refere ainda que, no imediato, existe um projeto que passa por uma aposta firme no enoturismo: “É uma aposta que está a ser feita para atrair mais visitantes e novos investidores e que se deverá já fazer sentir através dos anúncios e da promoção em todas as feiras da região. O vinho é uma imagem de marca e deve ser valorizado, tanto no país como no estrangeiro. As muitas adegas existentes devem procurar adaptar a oferta aos milhares de turistas de muitas nacionalidades que aqui acorrem”, diz. Para já, refere, há alguns projetos que estão em vias de serem concretizados. São iniciativas que tendem, também, a conduzir os visitantes para zonas mais interiores do distrito, alargando assim a oferta.

Tejo e Sado alavancavam 

O património natural da região é igualmente valorizado pela responsável do turismo. Carla Salsinha entende que todos os benefícios apresentados pela existência de dois grandes rios – o Tejo e o Sado – devem ser aproveitados pelas autarquias e demais entidades ligadas ao setor: “Temos de valorizar atividades como os passeios, as atividades náuticas e as competições desportivas. A existência destes dois grandes rios possibilita não só o florescimento de atividades portuárias, da pesca e da agricultura, mas também de outras iniciativas de âmbito cultural”.

Referindo-se em concreto ao concelho de Setúbal, aquela responsável afirma que tem existido um esforço para dotar cada uma das freguesias de melhores condições. “Tem-se assistido a uma grande requalificação dos espaços públicos e isso reflete-se na economia local”, afirma.

Entendendo que a melhoria da atividade turística passa igualmente pela melhoria da sustentabilidade ambiental, Carla Salsinha lembra que “cada vez mais os turistas que se dirigem aos hotéis e restaurantes da região fazem perguntas relacionadas com a proteção do meio ambiente”: “Essa preocupação deve servir para que todo o setor empresarial se lembre dos cuidados a ter e a implementar, porque quem nos visita quer a cada dia um maior cuidado nas práticas ambientais”.

A análise estatística no distrito revela que em 2024, em comparação com o ano anterior, houve um crescimento nas dormidas registadas na ordem dos 5,9 pontos percentuais. Feitas as contas aos dados fornecidos por estabelecimentos turísticos e alojamentos locais com mais de dez camas, o destino registou no ano passado 1.564.062 dormidas. Já este ano, com dados relativos ao período entre janeiro e maio, acentua-se o crescimento relativamente ao mesmo período de 2024. O aumento foi de 7,3 por cento.

Com uma capacidade de 9.100 camas turísticas no final do ano passado, a península de Setúbal continua a ter nos cidadãos nacionais os seus principais visitantes. As estatísticas da ERT Lisboa mostram que em 2024 os portugueses representaram 47,5 por cento do total dos turistas. Depois, entre os estrangeiros, destacaram-se, pela ordem, os espanhóis, franceses, alemães, ingleses e norte-americanos.

As praias, sobretudo as da Costa da Caparica, continuam a ser o principal chamariz da península que, no entanto, também regista grande atratividade em zonas como o Cristo Rei (igualmente no concelho de Almada) ou o Convento de Jesus, em Setúbal.