Padre que exerce no distrito crê que muitos compatriotas vão partir para combate

Exerce em paróquias do Montijo, Quinta do Conde e Azeitão. Não ficará surpreendido se alguns compatriotas rumarem ao seu país, porque, diz, “sempre tivemos sentido de liberdade”.

Ivan Petliak é ucraniano e padre. Integrado na Igreja Católica Ucraniana, tem autorização para professar os ritos bizantino e católico. Exerce a sua atividade no Montijo, em Azeitão e na Quinta do Conde. É uma das pessoas a quem, diariamente, muitos compatriotas se dirigem na tentativa de encontrarem algum conforto devido à guerra que opõe o seu país à Rússia.

Na breve conversa que manteve com o Semmais, o padre Ivan deu conta de que “ninguém estava à espera do que aconteceu”, apesar de os ucranianos residentes em Portugal “saberem que, desde 2014, a Rússia estava a alimentar os separatistas no Leste da Ucrânia”.

“Agora a Rússia mostrou os dentes e não só”, afirma. Para o padre não será surpresa se alguns dos seus paroquianos manifestarem, em breve, o desejo de rumarem ao seu país para combaterem. “Na História sempre tivemos o sentido especial de liberdade. Sempre lutámos. Temos uma História triste, cheia de dores e sofrimento causados, sobretudo, pelos russos. Eles têm tudo no país deles. Não percebo porque querem tomar conta do que é do povo ucraniano”, diz.

 

Ivan Petliak diz que comunidade está grata a Portugal

“Neste momento há muita gente a sofrer na Ucrânia e em todos os países onde vivem ucranianos. Todos sofrem juntos e sei bem que se for necessário, muitos vão voltar ao país”, acrescenta.

O padre Ivan Petliak diz também que a comunidade ucraniana é grata aos vizinhos portugueses, a quem agradece todas as manifestações de apoio. “Em Portugal sempre sentimos muita fraternidade e solidariedade. Sempre nos sentimos bem neste país, que para muitos também é o deles, uma vez que muitas pessoas já têm dupla nacionalidade. Em Portugal não estamos sós”, salienta.

A comunidade ucraniana do distrito de Setúbal, maioritariamente distribuída pelos concelhos de Almada, Montijo, Barreiro, Seixal e Setúbal está, na opinião do padre, pronta para receber as muitas centenas de refugiados já admitidos pelas autoridades nacionais e locais. “Quando chegarem os nossos irmãos vamos todos ajudar. Estamos prontos”, conclui.