Lagoas de Santo André e da Sancha apontados como exemplo de sustentabilidade

Aprovado em junho, o plano de cogestão consiste numa estratégia conjunta para valorizar o território, envolver as comunidades locais e garantir a conservação de uma das zonas mais ricas em biodiversidade da costa alentejana.

Foi a pensar numa estratégia para a valorização, promoção do território e sensibilização das comunidades que foi aprovado, em junho, o Plano de Cogestão da Reserva Natural das Lagoas de Santo André e da Sancha (RNLSAS). Com este documento, a Comissão de Gestão da Reserva Natural das lagoas pretende implementar medidas para um presente e futuro mais sustentável e de proteção daquele território.

“Este plano surge de uma necessidade dos municípios, mas também do ICNF, que faz a gestão do espaço, de termos uma ferramenta que permitisse delinear uma estratégia de valorização e promoção do território. O grande objetivo é que exista uma melhor comunicação entre todos os utilizadores para a conservação da natureza. Estamos a falar de uma zona de proteção e conservação da natureza, mas a reserva, no nosso entender, não pode ser impeditiva de que as pessoas lá vão e possam, com regras, visitar e usufruir daquele espaço. Temos de entrelaçar esforços para que possamos melhorar o território, especialmente nestas áreas de reserva protegida”, explica ao nosso jornal, Albano Pereira, vereador da câmara de Santiago do Cacém, entidade que preside à Comissão de Cogestão da Reserva Natural das Lagoas.

Nesse sentido, os municípios envolvidos e o ICNF – em parceria com a Universidade de Évora, a Associação de Desenvolvimento do Litoral Alentejano, a Entidade Regional de Turismo do Alentejo, as Águas de Santo André, S.A., a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, e a Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente – definiram quatro grandes objetivos estratégicos: “Aumentar o envolvimento e identificação dos diferentes atores do território com a RNLSAS, incluindo as comunidades locais, através da melhoria da comunicação entre todas as partes; promover o conhecimento e a sensibilização dos diferentes públicos e atores chave, capacitando-os para os valores naturais, históricos e culturais; valorizar e promover a sustentabilidade do território, através de atividades compatíveis com a preservação dos valores presentes; contribuir para os objetivos de conservação da natureza, proteção da geo e biodiversidade, e restauro ecológico, incidentes nos habitats naturais, fauna e flora prioritários.”

Ações na reserva já começaram com voluntários

Com mais de 5 mil e 200 hectares, a RNLSAS, localizada entre Santiago e Sines, conta com uma riqueza abundante em fauna e flora, destacando-se as registadas “54 espécies de peixes, 12 de anfíbios, 15 de répteis, 29 de mamíferos, 241 de aves, cerca de 344 invertebrados aquáticos e 205 borboletas”. Evidencia-se ainda uma zona de substrato arenoso com enorme presença de anelídeos e bivalves. “Trata-se de uma reserva muito rica e isso está bem patente na exposição permanente que temos no Monte do Paio, onde as pessoas podem conhecer ao detalhe este território. Existem também inúmeros estudos que ali se concentram e confirmam a riqueza da nossa reserva. É o ex-libris da região que queremos preservar e valorizar sem degradar a fauna e a flora”, reitera o autarca.

Segundo Albano Pereira, através do Fundo Ambiental há uma técnica em permanência na reserva, que através do plano começou já a implementar o reforço das atividades de conservação. “Já temos um grupo de voluntários que simpaticamente, aos fins-de-semana, se junta para identificar e fazer a limpeza das espécies invasoras, como é o caso do chorão e da acácia. Além disso fazem a limpeza do lixo, para que não se propague desde as lagoas para a restante reserva. Preocupa-nos bastante a questão dos plásticos e dos microplásticos, temos de sensibilizar as pessoas para esse tema”, sublinha.