Raimundo prevê “resultado histórico” se participação nas ruas se traduzir em votos

O secretário-geral do PCP considerou esta sexta-feira que, se a participação que está a sentir nas ruas se traduzir em votos, a CDU terá um “resultado histórico” este domingo e fez um balanço “muito positivo” da campanha da coligação.

“Se os resultados eleitorais traduzissem os sinais que tenho recebido nas ruas, nos contactos, então nós íamos ter um resultado histórico. Sabemos que muitas vezes isso não tem tradução no voto, mas, se fosse por isso, só pelos sinais que temos tido, íamos ter um resultado histórico”, afirmou Paulo Raimundo em declarações aos jornalistas durante uma arruada na Baixa da Banheira, concelho da Moita.

A dois dias das eleições autárquicas, o secretário-geral do PCP fez um balanço “muito positivo” da campanha da CDU, salientando que teve duas dimensões: uma, na qual participou e que foi acompanhada pela comunicação social, e outra, feita pelos militantes da CDU “todos os dias”, que não “aparece na televisão, na rádio, em lado nenhum”.

“E temos feito uma campanha extraordinária aqui na Moita, em todo o distrito de Setúbal e em todo o país e, portanto, o que é que isto permite? Não é apenas distribuir o papel. Permite conversar, permite ouvir, e é esta troca de opiniões, ligada às pessoas, à vida, que lhes dá confiança”, afirmou.

Paulo Raimundo falava aos jornalistas no meio de uma arruada na Baixa da Banheira, concelho da Moita, uma autarquia que foi sempre governada pelos comunistas até às últimas eleições autárquicas, em 2021, quando o PS ficou em primeiro lugar.

Na arruada, acompanhada por centenas de pessoas que iam entoando cânticos como “Para a Moita avançar, CDU tem de voltar”, Paulo Raimundo cruzou-se com várias pessoas com queixas, entre as quais uma comerciante na Rua 1.º de Maio, uma das artérias comerciais da vila.

“Isto é só esplanadas e esta rua está morta, a partir das 19:00 está morta. Para quê tanta esplanada nestes passeios? E depois não há escoamento do trânsito”, queixou-se a comerciante, com Paulo Raimundo a responder que “a única forma de isso poder ter reconsideração não é com a atual gestão”.

“É connosco”, reforçou o candidato da CDU à Câmara Municipal da Moita, João Figueiredo, com a comerciante a salientar que, quando a coligação geria a autarquia, também tinha queixas, apesar de ressalvar que isso não quer dizer que no domingo não vá votar.

Outra comerciante, mais à frente, disse que vai fechar a sua loja de sapatos no próximo mês, porque todos os seus clientes estão a optar por ir antes para “as grandes superfícies e os chineses” e os seus “encargos são demasiados”.

“Os impostos são grandes e o poder de compra cada vez está pior. E o senhor conhece a Baixa da Banheira? O que era e o que mudou”, afirmou, com o secretário-geral do PCP a pedir-lhe que “não desista”.

No final da arruada, Paulo Raimundo afirmou que “não vale a pena perder nenhum tempo com aquilo que foi a gestão de quatro anos do PS na Câmara da Moita”, frisando que a população sabe que foi má, antes de ironizar que os socialistas se apresentaram como “os reis da mudança e, de facto, a Moita mudou: para pior”.

“Só há uma coisa em que a Moita mudou para melhor: foi na propaganda, ilusão, na venda da banha da cobra”, acusou, antes de abordar o facto de as urgências de obstetrícia estarem frequentemente fechadas no Hospital do Barreiro e deixar um conselho a Marcelo Rebelo de Sousa.

“O Presidente da República devia condecorar toda a corporação dos bombeiros da Moita, porque 15 partos em ambulância é muito parto, é muito risco para as mães, as crianças e é muito risco para os próprios bombeiros”, disse.