Há empregos, mas faltam candidatos

O diretor geral da AISET entende que as empresas do distrito evidenciam uma forte recuperação económica face ao período da pandemia. Teme, no entanto, que a produção possa vir a decair devido à falta de pessoal especializado e não especializado.

Existe uma grande preocupação no meio empresarial da região: faltam pessoas para trabalhar. Esta é uma conclusão dos patrões das mais diversas áreas e que é partilhada pela Associação da Indústria da Península de Setúbal (AISET).

Em declarações ao Semmais o presidente deste organismo e também representante da cimenteira Secil, Nuno Maia, disse que “há uma persistente e aprofundada carência de mão de obra, especializada e até não especializada, que pode comprometer o crescimento da economia e os investimentos das empresas, dada a situação de mínimos históricos da taxa de desemprego”.

Nuno Maia entende que a falta de trabalhadores, a curto e médio prazo, poderá vir a ter reflexos “muito negativos” nos grupos empresariais, sejam eles de grande, média ou pequena monta. “Esta preocupação não é de agora e já foi expressa em diversas ocasiões, nomeadamente nos encontros promovidos pela AISET”, adiantou.

“O que se passa é que as indústrias, por falta de pessoal, correm o risco de perder competitividade e de verem cair a produção. É uma ameaça real que só se ultrapassa se houver a capacidade de formar operários com o nível que as necessidades exigem”, disse ainda.

Instado a comentar o facto de muitas empresas terem apresentado em 2021 reduções de funcionários, Nuno Maia afirmou que tal resulta de “ajustamentos pontuais e mesmo do saldo demográfico em função de reformas, uma vez que em 2021 não houve fenómenos de despedimentos coletivos ou alargados”.

O envelhecimento da população e consequente aumento do número de reformados é uma das explicações encontradas para a diminuição dos quadros das empresas (de 2020 para 2021 a Autoeuropa passou de 5.417 para 5.168, a Navigator desceu de 515 para 422 funcionários e a Repsol, que foi quem teve a queda mais acentuada, passou dos 560 para os 277 trabalhadores).

Falando ainda dos mais recentes elementos estatísticos relativos ao desempenho das empresas durante o ano transato, o diretor geral da AISET acrescentou que os mesmos “evidenciam a robustez das empresas industriais de Setúbal e o seu forte contributo para as exportações nacionais em vários sectores”. “É necessário apoiar, com os mecanismos existentes e outros a criar, as necessidades de investimento das empresas em termos de digitalização, circularidade e descarbonização”, disse.

“Os números apresentados pelas principais indústrias exportadoras de Setúbal revelam a forte recuperação dos volumes de negócio face a 2020, ano que ficou muito marcado pela pandemia. É desejável que em 2022 a tendência se mantenha e robusteça, tan- to ao nível do volume de negócios como de resultados”, concluiu o diretor geral da AISET.