Governo vai prorrogar contrato de exploração, mas a empresa não garante a melhoria do serviço prestado. Há apenas 18 composições a ligar as duas margens.
O governo está a negociar com a Fertagus a prorrogação do contrato para exploração da linha que faz a ligação ferroviária entre Lisboa e Setúbal. Ainda se desconhece por mais quantos anos se estenderá o novo acordo, mas já há reclamações. A Comissão de Utentes de Transportes da Margem Sul entende que não é admissível que se celebrem novos contratos sem se assegurar a melhoria dos serviços. Exigem, sobretudo, mais comboios a circular entre as duas margens.
“O atual contrato de exploração termina em setembro e o Governo pretende compensar a Fertagus por eventuais prejuízos acumulados durante o período da pandemia. Para nós isso não faz sentido, porque durante a fase mais intensa da Covid-19 a empresa, mesmo tendo menos passageiros, também diminui a percentagem das despesas. O que reclamamos é que, uma vez que lhes é dada a exploração de um serviço público, o façam corretamente, assegurando um número correto de comboios e fazendo os possíveis para que os passageiros, conforme agora acontece não sofram com os atrasos ou sejam, até, acometidos de doenças devido às condições em que são obrigados a viajar”, disse ao Semmais o representante da referida comissão, Marco Sargento.
Comissão defende mais ligações em horas de ponta
Para os utentes da Fertagus, que explora a ligação desde 1999, a empresa deverá promover as ligações ferroviárias, em hora de ponta, de seis em seis minutos. “Só assim se evitam casos de sobrelotação”, afirmou Marco Sargento, lembrando também que “a empresa possui hoje as mesmas 18 composições de que dispunha há quase 25 anos, quando começou a prestar o serviço”. “Há duas maneiras que se nos afiguram possíveis para resolver este problema: Ou a Fertagus compra novas composições ou, em alternativa, faz um acordo com a CP, que dispõe de composições iguais, e começa a utilizá-las. Os passageiros não podem é continuar a usufruir de um serviço que já tem um quarto de século”.
O representante dos utentes entende também que o processo em curso (desconhece-se por quantos mais anos será atribuída a exploração à Fertagus) deveria incluir outras partes. “Não faz sentido que os passageiros não se possam pronunciar ou que as câmaras municipais dos concelhos envolvidos no trajeto não sejam auscultados. É que para além da comodidade dos passageiros existe também um problema ambiental, uma vez que o reduzido número de comboios a circular promove a utilização de viaturas próprias e, portanto, o aumento da poluição”, concluiu.