Porto de Setúbal deve investir mais de 125 milhões de euros este ano

Chegada de uma multinacional que vai exportar automóveis chineses, ferrovia, novos armazéns, fornecimento de energia elétrica a navios e dragagens são os projetos mais relevantes.

O Porto de Setúbal foi, em 2023, a principal estrutura marítima exportadora do país, com 50 por cento dos 6,3 milhões de toneladas de carga movimentada a terem o estrangeiro como destino. Contrariando uma tendência mundial, cresceu 2,4 por cento relativamente ao ano anterior. Para este ano as perspetivas são ainda de maior crescimento e estão previstos investimentos superiores a 125 milhões de euros.

O presidente da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS), Carlos Correia, explicou esta semana ao Semmais um conjunto de atividades que, em sua opinião, irão contribuir para acentuar o crescimento que se vem registando nos últimos anos, mesmo com condicionantes mundiais, como sejam a crise económica e toda a instabilidade causada pelos conflitos armados na Ucrânia e na Palestina.

“Há vários projetos em curso que irão, certamente, valorizar ainda mais o porto de Setúbal. Poderei destacar, por exemplo, a possibilidade de recebermos uma multinacional que, no âmbito do ro-ro (movimentação de viaturas) deverá fazer das nossas instalações a principal placa giratória para automóveis chineses. Trata-se de um investimento na ordem dos 20 milhões de euros, de um operador ibérico, e que vai acentuar ainda mais a valia já existente no setor das movimentações de automóveis, as quais subiram no ano passado em 10,3 por cento e que corresponderam a 296 mil viaturas”, disse o presidente da APSS.

Mitrena deverá acolher terminal multiusos

Este projeto não é, no entanto, o úni- co e nem tão pouco o mais avultado., Carlos Correia referiu que deverá surgir na Mitrena um terminal multiusos que vai implicar um investimento de 60 milhões de euros. “Terá uma área de influência de cerca de 15 hectares e um cais de 350 metros. Será servido por ferrovia, que custará 20 milhões de euros, dos quais cinco milhões são da responsabilidade da APSS, e compreende ainda uma operação de dragagem, para que seja possível manter um profundidade de 13,5 metros de profundidade no rio. Servirá, sobretudo, para as operações da Siderurgia Nacional, mas também deverá ser importante no que se refere à exportação de granéis sólidos (alimentos) e no apoio às eólicas”.

O mesmo responsável adiantou, depois, que está prevista a melhoria das acessibilidades ferroviárias na área portuária, sendo que decorre, até julho, o período para entrega de propostas. A ideia é iniciar as obras ainda no ano em curso. “A ferrovia é fundamental para o crescimento de toda a atividade. Neste momento, Setúbal é já o segundo porto nacional no aproveitamento desse meio, sendo apenas suplantado por Sines. Além disso, com comboios com 750 metros de comprimento, será possível retirar das estradas um grande número de camiões e, desse modo, acentuar o carácter ambiental do transporte ferroviário”, acrescentou.

Outro projeto relevantes é o que irá permitir que os navios, depois de acostados nos terminais de carga, possam operar com recurso a energia elétrica, evitando-se assim a carga poluidora provocada pelos próprios. Este projeto está estimado em 25 milhões de euros.

“O crescimento esperado passa ainda pela renovação dos contratos dos dois concessionários do porto. A prorrogação dos contratos por mais dez anos é fundamental e por isso teremos de fazer investimentos em equipamentos e na melhoria dos terminais. Mas também é importante que a tutela dê uma resposta positiva a esta pretensão. É necessário, por exemplo, que os prazos de amortização das verbas investidas deixe de ser de 30 anos, como agora acontece e passe para 75”, adiantou Carlos Correia, lembrando que uma das ideias mais relevantes para 2024 passa pelo aumento da capacidade de armazenamento de granéis, o que obriga à construção de um armazém capaz de comportar anualmente 200 a 300 mil toneladas.

“Com tudo o que temos previsto será ainda possível aumentar o número de rotas e atrair novos navios a Setúbal”, acrescentou o presidente da APSS, lembrando que em 2023 o número de contentores movimentados em Setúbal foi de 170 mil, salientando também que foi por aquela estrutura que passaram 90 por cento dos automóveis exportados e que ali escalaram, em atividade comercial, 1.535 navios.

 

Cruzeiros e nova marina começam a ganhar corpo

Dois dos projetos mais mediáticos da APSS são a implementação, ainda este ano, de uma rota de navios de cruzeiro que aportarão na cidade e a construção de um nova marina para embarcações de recreio. “Para este ano já temos a confirmação da chegada de quatro navios de recreio, cada um com capacidade para 700 ou 800 passageiros. Por outro lado também já entregámos à Agência Portuguesa do Ambiente os documentos que irão permitir aquilatar da sustentabilidade para construir uma marina com capacidade para 600 embarcações. Neste momento existe uma lista de espera com mais de um milhar de navios”, referiu.