Trabalhadores da Autoeuropa não admitem cortes no vencimento

Administração quer recorrer a dois períodos de lay-off para que sejam efetuadas obras na fábrica de Palmela. A acontecer, os operários poderão perder até 33 por cento do vencimento mensal.

Os trabalhadores da Volkswagen Autoeuropa, em Palmela, mantém-se intransigentes e não aceitam que a administração lhes faça corte nos vencimentos em consequência de duas eventuais situações de lay-off.

Para hoje, sexta-feira, está agendada uma reunião entre os representantes da Comissão de Trabalhadores e a administração da empresa fabricante de automóveis. Embora seja desconhecida a eventual proposta que será apresentada, os operários rejeitam perder qualquer percentagem dos seus vencimentos, considerando que não existem motivos legais para que tal aconteça.

“O que sabemos até agora é que a administração, devido a umas pinturas que têm de ser feitas, pretende introduzir o lay-off na primeira semana de junho e durante mais 13 dias em julho. Consideramos que o motivo invocado não é válido para sustentar o lay-off. A produção será afetada, evidentemente, mas não devido a qualquer imprevisto como, por exemplo, aquele que há cerca de um ano impediu a chegada de peças”, explicou ao Semmais, lembrando as cheias que afetaram uma das fábricas do grupo na Eslováquia, Ricardo Correia, membro da Comissão de Trabalhadores.

A eventual aplicação do lay-off implica que cada trabalhador dos setores afetados receba apenas 66 por cento do vencimento. Esta possibilidade, de acordo com a Comissão de Trabalhadores, chegou mesmo a ser debatida, no ano passado, com o anterior Governo, tendo então sido transmitida a preocupação relativa aos problemas sociais e económicos que a redução dos vencimentos pode causar num universo de quase 5.000 operários da fábrica de Palmela e a muitos outros milhares distribuídos por cerca de 30 empresas que lhe prestam serviços.

“Devem ser garantidos os ritmos de trabalho assim como os vencimentos, devendo haver recurso a ações de fiscalização que assegurem a normal laboração”, adiantou Ricardo Correia.