Desde a minha adolescência que tenho um misto de fascínio e desprezo pelo chamado “filho da mãe”.
Este espécime é aquele menino (também vale para as meninas), egoísta, que apenas olha para os seus interesses, quase sempre playboy, que troca de amigos, de namorada, conforme as suas conveniências e, talvez pelo desprezo que patenteia por terceiros, em vez de merecer ser ostracizado, por mais que magoe terceiros, por apenas as utilizar a seu bel prazer, consegue sempre reconquistá-las.
Na política, o protótipo perfeito deste perfil que acabei de descrever, está bom de ver que é o nosso actual Primeiro-Ministro Dr. António Costa.
Por quaisquer artes mágicas, com maioria relativa há duas legislaturas, tem conseguido “adormecer” os eleitores, a comunicação social, por mais erros de palmatória que os seus governos cometam (Pedrógão Grande), por mais escândalos dos seus ministros (veja-se o caso Tancos), por mais incompetentes que os seus ministros sejam, mantém sempre o Estado de Graça que os outros tiveram apenas durante meses, ou nunca tiveram (por exemplo Pedro Passos Coleho não beneficiou desse sintoma pós eleição).
Mas o que mais tenho admirado é a capacidade que António Costa tem de seduzir, de fazer um “chega para lá” e de voltar a seduzir todos os actores eleitorais e, quão marionetas, esses actores políticos deixam-se manipular à vista de toda a gente.
Até na Europa ele conseguiu gerir com mestria essa sua arte, mas dentro de portas, então, aí ele é um doutorado.
Estão a ver aquele “filho da mãe” que tem a sua mulher , a amante (todos sabem que a tem, incluindo a mulher) e a pretendente? Ora, esse “filho da mãe” deixa a sua mulher pela amante, mantém a pretendente e vai flirtando com a ex de forma assumida, criando ciúmes à ex-amante e actual mulher, expectativas na pretendente (há-de chegar a ela) e a certeza à ex que será a futura (só não sabe é quando).
Isso mesmo é o Costa na política. Iniciou a sua geringonça no mandato anterior e sempre seduziu Rui Rio e o PAN.
Iniciou o segundo mandato, mandando a geringonça às malvas, traindo o BE e o PCP que humilhados publicamente, em vez de jurarem vingança, prometeram ainda assim amor eterno (sempre que fosse preciso) e decidiu iniciar um amor platónico com o seu parceiro sempre expectante da direita – PSD – conseguindo alguns acordos importantes, o que culminou nesta inenarrável decisão de acabar com as idas do PM ao Parlamento de 15 em 15 dias, porque era estafante estar a ser incomodado com
Agora, volta a piscar à Geringonça, deixando o seu amor platónico novamente de mão estendida, aliás apelidando-o de forma grosseira de “Velhos de Restelo” .
Resta saber até que ponto os ex-parceiros aceitarão receber o seu ex-companheiro, depois de ter andado de mão dado, ainda que platonicamente, mas assumido, com o seu parceiro de direita e, como irá este reagir, se se assumirá definitivamente como o rejeitado ressabiado.
Pode ser que desta vez lhe saia o tiro pela culatra…
UM CAFÉ E DOIS DEDOS DE CONVERSA
Paulo Edson Cunha
Advogado