Indústrias vão receber “muitas centenas de milhões de euros”

A AISET – Associação da Indústria da Península de Setúbal, que este ano comemora uma década de atividade, está focada em obter mais e melhores resultados. Os financiamentos europeus, agora que o processo da NUT própria está em andamento, serão de “muitas centenas de milhões de euros”. Perspetiva-se mais trabalho, mão de obra mais qualificada e maior coesão social.

Em quanto podem importar os fundos europeus destinados às empresas da península de Setúbal, conseguida que está a constituição de uma NUT própria?

Para já ainda não existe qualquer contabilidade efetuada nesse sentido. O que sabemos é que será sempre um financiamento na ordem das muitas centenas de milhões de euros. Estamos, neste momento, a preparar a estratégia industrial para as NUT’s 2 e 3. Essa estratégia será apresentada ao Governo que, depois, irá definir o que farão as indústrias. De qualquer das formas existem quatro grupos de trabalho para áreas como a transição carbónica e energética, a transição digital, a economia circular e o capital humano. A AISET quer que após 2027 haja um aumento significativo no financiamento no capital humano.

Quais as principais linhas de trabalho desta nova direção?

Primeiro entendemos que deveremos reforçar o número de associados. Neste momento temos 58 empresas associadas, mas achamos que é possível aumentar esse número para 80 ou até 100. Depois acho que é muito importante continuar a apostar na ligação da atividade industrial à atividade marítima e industrial. Falo, naturalmente, da energia renovável, da energia eólica. O porto de Setúbal reúne grandes potencialidades nessa área e outras empresas, como por exemplo a Lisnave, já manifestaram vontade em investir. A Lisnave, que até já está a produzir equipamentos ligados à energia eólica, aguarda apenas que o Estado renove a concessão do espaço (termina em 2027) para poder anunciar novos investimentos significativos e, portanto, aumentar a produtividade, criar mais emprego e aumentar os dividendos.

Que outros projetos estão na calha?

Há vários projetos para a península que se podem consumar em breve. A proximidade do mar é uma vantagem e um fator de atração das empresas. Esperamos, até ao fim deste decénio, ter a funcionar na Mitrena uma refinaria de lítio. Trata-se de um empreendimento que tem capitais nacionais, neste caso da Galp, e estrangeiros, de uma empresa sueca. Neste momento a refinaria está em fase de avaliação e licenciamento. Esperamos que o início da construção possa ocorrer dentro de dois ou três anos. Esta é outra empresa que irá contribuir para aumentar os postos de trabalho.

A chegada de novas empresas representa também o reforço da mão de obra, em quantidade e, sobretudo, qualidade. Muitos empresários queixam-se da inexistência de trabalhadores qualificados. Como se resolverá esta lacuna?

A escassez de mão de obra qualificada, especializada, é geral e tem muitos anos. Acreditamos, no entanto, que esse será um problema que será ultrapassado. Por um lado é natural que cheguem alguns trabalhadores estrangeiros. Por outro, temos de salientar que existe uma forte colaboração com entidades que podem formar os trabalhadores necessários para enfrentarem os novos desafios. O Instituto Politécnico de Setúbal, a Faculdade de Ciências e Tecnologia e a APEC – Academia de Formação Técnica que inclui a Volkswagen Autoeropa, a Siemens e a Bosch, terão um papel importante na formação de novos técnicos e operários.

Que outros proveitos poderão registar-se a partir do momento em que as empresas da península passem a receber mais fundos comunitários?

As perspetivas económicas e sociais são muito boas. Toda a economia da península poderá sair reforçada devido ao fortalecimento das indústrias. Chegará mais gente aos concelhos. Terão de ser criadas novas estruturas, nomeadamente escolas, habitações, equipamentos de saúde, de lazer. Haverá mais gente e, em consequência, mais negócios e riqueza. Mas para que tudo isso se torne uma realidade, temos (as empresas e as suas associações representativas) de nos mexer e organizar. Se isso acontecer teremos mais possibilidades de criar mais empregas riqueza e mais coesão social.

Três caras novas na direção

A AISET elegeu na passada semana a direção para o próximo triénio. Há três representantes de outras tantas empresas e, como secretário geral mantém-se (desde 2014) Nuno Maia Silva, que também é o responsável pela comunicação da cimenteira Secil. As caras novas do elenco são Luís Gomes, da empresa farmacêutica Hovione , Luís Realista, da AVE, especializada em energia e combustíveis alternativos, e Nuno Flores da Introsys, especializada na indústria automóvel. Para além de Nuno Maia mantém funções João Costa, da APEC, e Susana Coito, da Repsol.

Profissional do ano para o Rotary Club de Setúbal

O papel que Nuno Maia Silva tem desempenhado como diretor geral da AISET e a sua permanente intervenção para que a península pudesse ter uma NUT própria e, em consequência, as empresas pudessem receber fundos comunitários condizentes com a realidade social da região e não como se estivessem a par da realidade de Lisboa, foi determinante para que, na passada semana, o Rotary Club de Setúbal o tenha homenageado e eleito como profissional do ano. Para Vítor Marques, presidente do Rotary Club, a escolha de Nuno Maia Silva “foi acertada” e justificada “por todos os motivos e mais alguns”. “O papel que teve na questão da NUT pesou na escolha, evidentemente”, acrescentou. O mesmo motivo foi salientado por outro dirigente do mesmo grupo, Frederico Nascimento, que depois de considerar Nuno Maia Silva como “um profissional de excelência”, destacou que por ação do diretor geral da AISET as empresas da península têm, devido ao acesso a mais fundos comunitários, muito mais possibilidade de se potenciarem e criarem riqueza.