Só já funcionam duas das seis salas de operações do Hospital São Bernardo

Alguns reforços de pessoal não resolvem um problema que se agrava dia após dia. Mantém-se os pedidos de demissão de 87 das 90 chefias. Partidos prometeram resolução após as eleições.

Menos de metade das seis salas operatórias do Hospital São Bernardo, em Setúbal, estão a funcionar. As restantes, de acordo com a informação fornecida ao Semmais pelo diretor clínico demissionário, não funcionam devido à falta de anestesistas. A carência de pessoal continua a ser um dos graves problemas desta unidade hospitalar do distrito, onde continuam demissionários 87 dos 90 detentores de cargos de chefia.

“O hospital tem seis salas operatórias, mas só funcionam uma ou duas devido à falta de anestesistas”, disse Nuno Fachada, o diretor clínico que apresentou a demissão há mais de um mês, depois de considerar que não estão reunidas as condições em termos materiais e humanos para que algumas das valências continuem a trabalhar de modo eficaz.

Após a demissão de Nuno Fachada, outros 87 chefes de diversos serviços (médico e outros) seguiram o mesmo caminho. Reclamam mais pessoal e querem saber qual o projeto da administração relativo à ampliação do hospital. “O que sabemos é que a administração, chamada à Assembleia da República, não reconheceu o pedido de demissão apresentado pelas chefias. Assim, até parece que não e passa nada. Mas passa. Há problemas a resolver. As reivindicações mantêm-se”, referiu.

“É um facto que houve alguma evolução. Resolveu-se alguma coisa, indo buscar mais dois médicos oncologistas. Mas isso foi apenas uma circunstância conjuntural. O problema estrutural, esse permanece”, adiantou Nuno Fachada.

 

Situação na urgência geral considerada “gravíssima”

Neste momento, para além dos problemas relacionados com a falta de anestesistas, existem sérias ameaças de rutura nos serviços de maternidade e também de anatomia patológica, conforme referiu o mesmo responsável: “A situação na urgência geral continua a ser gravíssima, uma vez que quem lá trabalha são, na maioria, prestadores de serviços externos”.

Nuno Fachada disse, por outro lado, que os especialistas desconhecem por completo quais serão as obras que se irão realizar no São Bernardo. “Fala-se na integração, neste hospital, dos serviços do Outão, mas a verdade é que ainda não nos foi dito que obras serão essas e se o que querem fazer é suficiente para acolher todos os serviços. O que sabemos é que, atualmente, também o Outão se debate com graves problemas devido à falta de anestesistas. Existem três salas de operações, mas, conforme os horários, apenas funciona uma ou, no máximo, duas. É que os três anestesistas existentes têm 70, 69 e 68 anos”.

O diretor clínico afirma, por outro lado, que a generalidade dos chefes de serviço aguarda o desfecho das eleições legislativas antecipadas marcadas para 30 de janeiro. “Já reunimos com todos os partidos com assento no Parlamento e todos reconheceram a razão dos nossos protestos. Os deputados de todos os partidos sabem que os quadros demissionários assumem as suas responsabilidades, mas também sabem que há decisões importantes que não têm sido tomadas, situação que terá, obrigatoriamente, de ser revista após a formação do novo Governo, seja ele de que partido ou partidos forem”, adiantou.