Espírito natalício envolve valências da St.ª Casa da Misericórdia de Setúbal

Dos lares ao apoio domiciliário, o espírito da época vai iluminar todos os utentes da Santa Casa da Misericórdia. Além dos almoços de confraternização vai também haver troca de presentes.

As demonstrações de afeto, carinho e proximidade ganham particular relevância nesta quadra em instituições que têm por missão combater as carências das pessoas a seu cargo pessoas que, seja por motivos de velhice ou de incapacidade provocada por patologias, não podem viver sozinhas ou apenas com apoio familiar.

É o caso da Santa Casa da Misericórdia de Setúbal que, este ano, volta a celebrar o Natal nas suas várias valências. “Antes da pandemia, celebrávamos a quadra com um grande jantar para todos os funcionários e onde também estavam presentes os órgãos sociais. Inclusivamente, chegámos a fazer uma grande festa no Fórum Luísa Todi, mas deixámos de fazer. Quando se começa a poupar dinheiro e a apertar o cinto, estas logísticas acabavam por ter algum significado. O que decidimos fazer é que em cada um dos quatro lares haja uma festa e atividades de Natal.”, revela ao Semmais Fernando Cardoso Ferreira, provedor da Misericórdia de Setúbal.

Organizadas por cada uma das equipas dos espaços, nomeadamente, o Centro de Apoio a Idosos Dependentes, o Centro de Apoio à Terceira Idade, o Lar Dr. Francisco Paula Borba e o Lar Acácio Barradas, estas festas permitem, na visão do provedor, uma resposta mais adequada às necessidades dos utentes (cerca de 260), promovendo um momento de animação com os seus familiares e com uma simbólica troca de presentes. “Chegamos à conclusão que este trabalho, realizado por cada lar, as suas diretoras e respetivas equipas, acaba por proporcionar aos utentes uma maior proximidade, mais condizente com este espírito natalício, onde também contamos, naturalmente, com os familiares que estão convidados”, sublinha.

Nas celebrações, não vão faltar, apesar do controlo financeiro, os tradicionais pratos da época. “É algo que temos sempre, da melhor qualidade. Não podíamos deixar de servir aos nossos utentes, na véspera e no dia de Natal, o bacalhau, acompanhado de batata, grão e couves. E com certeza haverá também alguns doces. É algo especial e que naturalmente os nossos utentes gostam muito.”, revela o provedor.

Para além dos convívios programados, existe ainda a abertura para que os utentes residentes nos lares, que reúnam condições, festejem o Natal com os familiares. “É completamente normal que nesta altura do ano existam alguns familiares que levem o utente para casa, e às vezes ficam mais do que um dia. Naturalmente que gostamos que isso aconteça. Mesmo para quem não tem tanta autonomia temos cadeiras de rodas”, sublinha o provedor.

Ainda assim, a instituição desejava que esta situação acontecesse com maior frequência e abrangesse um número maior de idosos. “Aquilo com que muitas vezes somos confrontados, tal como no apoio domiciliário, é que as suas famílias estão deslocadas e não é tão fácil, logo acontece menos do que desejaríamos. Naturalmente que temos muito gosto em ter aqui as pessoas connosco, mas era desejável para os utentes uma maior presença familiar, até porque eles não se esquecem que têm família e sente falta da mesma”, destaca o responsável.

Os 110 utentes a quem a instituição presta apoio domiciliário são também alvo de especial atenção nesta quadra, até porque alguns vivem em situação de isolamento. “É um trabalho importante, sem dúvida. Estamos a falar de um contacto muitas vezes diário, de momentos de proximidade, em que as nossas funcionárias estão um pouco com eles, na higiene, no convívio ou na entrega das refeições. São ações que ajudam a mitigar um pouco o isolamento. Não são a maioria dos casos que temos, porque grande parte estão com as suas famílias ou a ser acompanhados, mas temos alguns em que infelizmente se verifica alguma solidão e isolamento por razões várias, como as rotinas de trabalho dos agregados ou a distância geográfica entre residências. Por isso, para alguns utentes acabamos mesmo por ser as pessoas mais próximas que eles têm. E lá está, é importante esse trabalho que é feito diariamente”, afirma Cardoso Ferreira.