O acordo entre a Universidade de Évora (UE) e o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) visa a restauração dos habitats naturais na serra de Monchique, alvo do maior fogo em Portugal e na Europa, em 2018.
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Em comunicado, a UE anuncia ter assinado um protocolo de colaboração com o GEOTA, que tem como objetivo “criar sinergias entre os projetos de conservação que cada entidade coordena na serra de Monchique”, no distrito de Faro. As duas entidades “unem esforços para restaurar os habitats naturais naquela serra”, lê-se na nota.
Recorde-se que na zona de Perna Negra, na Serra de Monchique, a 3 de agosto, deflagrou o maior incêndio registado em 2018 em Portugal e na Europa, que foi dominado apenas oito dias depois. As chamas destruíram 74 casas e mais de 27 mil hectares de floresta e de terrenos agrícolas nos concelhos de Monchique, Silves e Portimão, no distrito de Faro, e de Odemira, distrito de Beja.
No comunicado hoje divulgado, a academia refere que “está a coordenar o projeto LIFE-Relict, que pretende conservar um dos habitats naturais mais raros da Europa e um dos mais singulares da serra de Monchique”. A iniciativa visa a “conservação das comunidades arborescentes de espécies lauróides, que são habitat prioritário e onde vivem as plantas testemunhas das florestas de Laurissilva que ocuparam a Península Ibérica em épocas geológicas passadas, quando o clima dominante era do tipo subtropical”.
O projeto envolve variadas ações concretas que pretendem incrementar a floresta autóctone e, em consequência, aumentar “a resiliência e a robustez deste habitat prioritário, face à exposição das ameaças mais significativas”, como os fogos, as intervenções silvícolas inadequadas, propagação de espécies exóticas invasoras ou alterações climáticas, entre outras.
Em simultâneo, o GEOTA está a coordenar o projeto Renature Monchique, focado no restauro dos “principais habitats da Rede Natura 2000 afetados pelo incêndio de 2018”. “Está previsto renaturalizar a paisagem da serra de Monchique com mais de 75 mil árvores de espécies autóctones. Prevê-se ainda conseguir contribuir para o bem-estar da comunidade local e mitigar os futuros impactes das alterações climáticas no território”, refere a UE.
Por considerarem que os objetivos específicos dos projetos se complementam, a Universidade de Évora e o GEOTA pretendem cooperar e potenciar “o melhor sucesso na salvaguarda do património natural da serra, através da replicação e transferência de conhecimentos adquiridos por ambas as partes”.