O Oblivion, com desempenho equivalente à combinação de mais de mil computadores, vai funcionar em Évora, associado ao projeto do maior radiotelescópio do mundo e disponível também para a comunidade científica e empresas.
“É uma máquina potente, com nós de computação, de gestão e de armazenamento. E podemos dizer que tem uma performance equivalente a 1.200 PC’s (computadores pessoais) a funcionarem em conjunto”, explicou hoje à Lusa Miguel Avillez, coordenador do Oblivion.
A máquina, instalada no Data Center da DECSIS, no Parque Industrial e Tecnológico da cidade, vai ser inaugurada pela Universidade de Évora (UE) no dia 4 de fevereiro, às 11h30.
O supercomputador, adiantou Miguel Avillez, também professor da UE, envolveu “um investimento próximo de um milhão de euros e foi adquirido para a infraestrutura de investigação ENGAGE SKA ‘Enabling Green E-science for the SKA Research Infrastructure’, ligada ao projeto do maior radiotelescópio do mundo”.
“50% do tempo de CPU da máquina ficará afeto ao ENGAGE SKA, mas os outros 50% são para disponibilizar à comunidade científica e a empresas no âmbito da Rede Nacional de Computação Avançada”, explicou.
O ENGAGE SKA, liderado pelo Instituto de Telecomunicações (IT) de Aveiro e com as universidades de Évora, Aveiro, Porto e Coimbra, Instituto Politécnico de Beja e Associação RAEGE Açores, é a interface da comunidade científica nacional ao Square Kilometre Array (SKA).
Trata-se de um projeto global que, a uma escala sem precedentes, envolve cientistas e engenheiros integrados em mais de 100 instituições de 21 países, na preparação da construção do maior radiotelescópio do mundo, que tem como objetivo observar e mapear o Universo, referiu a UE, aludindo a dados do portal do SKA.
“Irá abranger uma área com um milhão de metros quadrados para a recolha de dados através de milhares de radiotelescópios, o que exigirá avanços radicais no processamento de dados, na velocidade de computação e na infraestrutura tecnológica”, disse.
O supercomputador em Évora vai “apoiar no processamento de volumes massivos de dados resultantes de atividades de investigação e inovação desenvolvidas em Portugal e enquadradas no design, prototipagem e operação do radiotelescópio SKA e dos seus eventuais precursores”.
A máquina “é capaz de processar 239 milhões de milhões de operações por segundo (TFLOPS – Tera Floating Operations per Second), com um custo energético muito baixo, e vai ser preparada para armazenar 1,5 Petabytes de dados (equivalente a 1,5 milhões de Gigabytes)2, segundo o professor.
Além de “tratar, analisar e obter informações a partir de volumes massivos de dados, vai efetuar simulações numéricas em vários domínios da ciência”, nomeadamente no campo da astrofísica, precisou Miguel Avillez, do Departamento de Matemática e coordenador do Grupo de Astrofísica Computacional da academia.
“Permite fazer modelos sobre a origem e evolução do universo, das galáxias ou dos planetas e a radiação emitida a partir do Sol, entre outras coisas, e modelos de novos materiais, trabalhar o desenho de novos medicamentos ou testar aplicações paralelas para previsões nas áreas do clima e da agricultura”, avançou a UE.
O supercomputador está “em fase de testes, prevendo-se entrar em produção brevemente”, adiantou o coordenador.