Um casal que quis ficar com o Teatro Portalegrense desistiu do negócio e perdeu o dinheiro do sinal.
Há cerca de um ano a plataforma de vendas OLX publicitava um negócio… atípico: Vendia o Teatro Portalegrense por 350 mil euros. Uma oportunidade de negócio que despertou inúmeros interessados e que esteve quase a chegar à fase da escritura. Quase. É que o casal que chegou mesmo a sinalizar a transação, acabou, meses mais tarde, por desistir do imóvel e… do dinheiro avançado.
A notícia é avançada pela TSF que, em conversa com a proprietária do imóvel, Alexandra Sequeira, confirmou que um casal – ela uma senhora italiana e ele, um homem do Norte do país com ligações ao teatro – pretendiam construir no local um hotel para retiro de artistas e, em simultâneo fazerem no palco uma cozinha. No fundo a ideia seria juntar a arte da representação à gastronomia, permitindo aos espetadores das peças em exibição degustarem os pratos que estariam a ser confecionados.
O mesmo casal, cujos nomes não foram revelados, terá andado pela cidade durante meses, tentando tomar o pulso da mesma e ao mesmo tempo encontrar quem fizesse a necessária reabilitação do espaço. Até que, porventura desiludidos por uma alegada falta de dinâmica, abordaram novamente a vendedora e, abdicando do dinheiro do sinal, desistiram do negócio. “Começaram a visitar Portalegre com mais frequência para encontrarem pessoas que pudessem fazer a reforma do teatro e perceberam como era Portalegre. Não sei se se assustaram, mas disseram que, afinal, se tinham enganado e que se precipitaram com o negócio”, acrescentou a proprietária.
Alexandra Sequeira diz que não irá investir na requalificação do edifício, alegando que o mesmo não serve nem para escritórios nem para habitação. Diz, contudo, que se aparecer alguém interessado no seu aluguer, poderá estar recetiva a comparticipar a manutenção.
Quem parece totalmente fora de cena é a Câmara Municipal de Portalegre, que recusa comprar ou recuperar o imóvel, apesar de lhe reconhecer valor histórico e patrimonial.
O Teatro Portalegrense foi inaugurado a 20 de junho de 1854, tendo subido à cena o drama “O Alfageme de Santarém”, de Almeida Garret. A última peça ali representada foi “El-rei D. Sebastião”, de José Régio, tendo a atriz Amélia Rey Colaço feito ali a sua última aparição em representação.
Posteriormente o edifício ainda serviu de sede a um clube desportivo e até acolheu sessões de culto da Igreja Universal do Reino de Deus. A verdade, no entanto, é que parece que nem com intervenções divinas a proprietária consegue negociar o espaço, o qual continua à venda pelos mesmos 350 mil euros.
