Uma fábrica de máscaras cirúrgicas foi criada em Boavista dos Pinheiros, no concelho de Odemira, para dar um contributo ao Sistema Nacional de Saúde e ajudar a “vencer o momento” na luta contra a pandemia.
A nova unidade industrial resulta de um investimento “a rondar os 500 mil euros”, realizado pela empresa Vencer o Momento Lda., fundada em maio de 2020 pelo algarvio Pedro Nicolau e pelo alentejano Paulo Candeias, e entrou em funcionamento em janeiro deste ano.
“Foi uma oportunidade que surgiu”, admitiu hoje à agência Lusa Pedro Nicolau, reconhecendo que esta era uma área de negócio desconhecida para os dois sócios.
Pedro é medidor orçamentista e Paulo topógrafo: “Tivemos que nos pôr ao caminho e estudar um bocadinho a questão da farmácia, das máscaras cirúrgicas e de todo este processo. Não tínhamos nenhum conhecimento nesta área, mas, neste momento, já temos algum”, disse Pedro.
A fábrica da Vencer o Momento, no Parque Industrial de Boavista dos Pinheiros, tem 400 metros quadrados e toda a maquinaria necessária veio da China, tal como os materiais utilizados nas máscaras.
Nesta primeira fase do projeto, estão a ser produzidas máscaras cirúrgicas do Tipo II, devidamente certificadas pelo Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde.
A ambição, frisou Pedro Nicolau, é “contribuir para o combate à pandemia covid-19, assim como outro género de patologias associadas à disseminação vírica ou microbiana nos profissionais de saúde e população em geral”.
Com quatro colaboradores, a empresa está a produzir 10 mil máscaras por dia e a fornecer algumas unidades hospitalares do sul de Portugal, além de “receber ‘mails’ com pedidos de cotação todos os dias”.
“Estamos também em contactos para um fornecimento de grande dimensão para a ilha da Madeira e para fazermos uma parceria com um grupo que gere o fornecimento de algumas farmácias a norte do país”, revelou o sócio.
Segundo o empresário, caso se registe “um aumento de procura” a fábrica poderá chegar à produção de “50 mil máscaras por dia”, o que implicará a contratação de mais pessoal.
“Podemos fazer turnos, porque a unidade pode trabalhar 24 horas por dia”, garantiu.
Apesar das boas expectativas de negócio, Pedro Nicolau constatou que a concorrência é muita e nem sempre “leal”.
“O Estado português incentiva a criação de novas empresas para produção nacional e depois continua a deixar entrar em Portugal máscaras e muitos outros produtos vindos da China, sem qualquer certificação e qualidade. Assim é difícil alguma empresa conseguir vingar no mercado nacional”, argumentou.
O investimento da Vencer o Momento foi apoiado por fundos do IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação e pelo programa operacional Portugal 2020, tendo a escolha do local tido em conta as necessidades da região.
“Optámos por Boavista dos Pinheiros por haver carência de emprego na zona e também porque tínhamos mais benefícios em termos de apoio se fosse instalada neste concelho”, justificou o empresário.