Histórico do PS bate com a porta e pode avançar para Setúbal

Com 46 anos de militância, Fidélio Guerreiro, demite-se do PS e prepara movimento independente para candidatura à câmara de Setúbal.

Após 46 anos de militância partidária, tendo mesmo sido em três mandatos presidente da Assembleia Municipal de Setúbal, o histórico dirigente socialista da cidade sadina, Fidélio Guerreiro, bateu com a porta e demitiu-se do partido no início deste mês.

As razões foram apresentadas numa carta dirigida à concelhia de Setúbal, na qual alega as contradições do Governo sobre a criação da NUT III para a península de Setúbal e a falta de resposta do partido, ao mais alto nível, às reivindicações do Movimento Pensar Setúbal, de que foi presidente.

O abandono do partido de Fidélio Guerreiro, que nos anos 80 liderou, enquanto líder do Núcleo Empresarial da Região de Setúbal (Nerset) a Operação Integrada de Desenvolvimento (OID), foi confirmada ao Semmais pelo líder da concelhia do PS de Setúbal, Paulo Lopes, que não quis fazer comentários.

Na mesma missiva, a que o nosso jornal teve acesso, e para provar o seu desconforto, o ex-dirigente socialista lembra “conversa e promessas” havida de forma particular tanto com, António Costa, como com Ana Catarina Mendes, líder da bancada do PS na AR. “No dia 14 de junho de 2016, durante uma visita do primeiro ministro a Setúbal afirmei a necessidade de o Governo avançar com uma nova OID para a região e ele (António Costa) respondeu-me que tinha razão e que iria criar um programa específico para resolver a crise, mas tal não aconteceu, nem sequer consegui ser recebido”, lamentou Fidélio Guerreiro.

 

Após reflexão, candidatura deverá ser apresentada no início de maio

“Completamente livre” de qualquer ligação ao PS, o ex-socialista pondera agora candidatar-se à câmara de Setúbal em nome de um novo movimento político sob a sigla “Amar Setúbal. Sempre”. “Estou disponível porque nunca neguei a ajuda ao meu concelho, mas neste momento estou a fazer uma reflexão face a um diagnóstico em curso para Setúbal, bem como sobre as restantes candidaturas partidárias”, confessou ao Semmais.

E se avançar parte do seu programa incluirão as propostas que o Movimento Pensar Setúbal tem vindo a reivindicar deste 2016, nomeadamente “insistir num plano articulado com o Governo e dar prioridade aos fundos comunitários numa estratégia que aposte no tecido empresarial assente na inovação, novas tecnologias e na transição climática”.

Não deixando de lamentar “esta difícil decisão”, Fidélio Guerreiro acrescenta uma “enorme desilusão” com “este PS, cujos governantes, sempre que se trata da região de Setúbal, hoje dizem uma coisa e amanhã outra”, numa alusão, como refere, ao facto de a ministra da Coesão Territorial “ter dito que iria criar uma NUT III para a península e dois meses depois ter desdito tudo, voltando à estaca zero”.