Estudos para empreitada da Barragem do Pisão já foram adjudicados

A Comunidade Intermunicipal do Alto do Alentejo (CIMAA) assinou o contrato para a “Avaliação da sustentabilidade e desenvolvimento integrado dos recursos hídricos e energéticos do Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato”.

A CIMAA, citada do comunicado, diz que “esta avaliação compreende etapas necessárias para o projeto final, como sejam Estudos Socioeconómicos, de Infraestruturas, de Regularização de Caudais, de Aproveitamento Fotovoltaico (centrais) e de Impacte Ambiental”. Os trabalhos vão permitir reunir a informação essencial para o lançamento dos concursos de empreitadas, tanto a nível da construção da barragem, como para o desenvolvimento de diversas áreas conexas, nomeadamente a construção de uma central de painéis fotovoltaicos flutuantes.

A central vai contribuir para a descarbonização da produção de energia para a região do Alto Alentejo e “fará desta obra um empreendimento com tecnologia de ponta de que não há muitos outros exemplos no país”, sublinha Joaquim Diogo, presidente da câmara do Crato, no momento da assinatura do contrato que decorreu esta terça-feira, na vila sede do concelho.

A Barragem do Pisão é um empreendimento com uma “multiplicidade de soluções energéticas com fortes preocupações de sustentabilidade ambiental que trará ao Alentejo, mas não só, também ao país, um salto considerável”, uma vez que está previsto que mais de 70% do consumo das necessidades elétricas do distrito de Portalegre sejam satisfeitas por via da central fotovoltaica, o que vai contribuir para a gradual substituição dos sistemas de produção convencionais a carvão e outras fontes energéticas baseadas nos hidrocarbonetos.

“É o projeto mais importante dos últimos 60 anos para a região”, disse o presidente da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA), Hugo Hilário, que sublinhou “a importância de uma estreita colaboração da CIMAA, a adjudicatária – que encabeça o processo nesta fase com profundo compromisso de todos os municípios envolvidos, suportando 15% do financiamento do contrato em partes iguais”, e o consórcio composto pela AQUALOGUS, Engenharia e Ambiente LDA e a TPF – Consultores de Engenharia e Arquitetura, S.A., que ganho o concurso público para esta fase. Os restantes 85% são cofinanciados, sendo que o valor global do contrato ascende a 950 milhões de euros.

Os resultados do trabalho desenvolvido por este consórcio vão permitir garantir que o projeto do Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato seja um investimento “o mais abrangente possível”, de modo a cobrir uma maior área territorial, para que “o seu potencial seja maximizado e que dele beneficiem direta e indiretamente, de forma sustentada, mais populações e beneficiários”, a nível da agricultura e do regadio, como ao nível socioeconómico, que vai impactar muitas outras atividades económicas para além do setor primário, “sempre com uma perspetiva de sustentabilidade ambiental”, refere a CIMAA em comunicado.

A Barragem do Pisão “terá, desde logo, um enorme impacto na criação de reservas estratégias de águas e no reforço e garantia do abastecimento público às populações, dando resposta aos constrangimentos e às fragilidades que têm as atuais origens de abastecimento”.

Esta é uma obra com um âmbito geográfico que inclui todo o território Alto Alentejo, nomeadamente os concelhos de Alter do Chão, Avis, Arronches, Castelo de Vide, Crato, Campo Maior, Elvas, Fronteira, Gavião, Marvão, Monforte, Nisa, Ponte de Sor, Portalegre e Sousel.

A construção da barragem resulta numa capacidade de armazenamento de 114M m3 de água, considerada essencial num quadro de alterações climáticas.

“São também muito importantes os valores de redução das emissões carbónicas que se prevê obter com este empreendimento, superiores a 150.000 Ton de CO2 por ano, sendo que em Portugal a produção anual atinge os 70,8 Mton anuais”, conclui o comunicado da CIMAA.