Trabalhadores da EuroResinas em Sines em greve por aumentos salariais

A greve dos trabalhadores da EuroResinas, que começou às 00:00 de hoje, levou à paragem total da produção desta empresa, em Sines, segundo o sindicato do setor, mas a administração alegou que a adesão é reduzida.

“Nas primeiras horas de greve, a produção está totalmente parada, as fábricas estão todas paradas e não se produziu uma pinga de resina”, afiançou à agência Lusa o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE SUL), Jorge Magrinho.

A greve, que termina às 24:00 do dia 13 deste mês, foi convocada pelo SITE SUL para exigir “aumentos salariais” para os cerca de 80 trabalhadores da EuroResinas – Indústrias Químicas, que produz resinas sintéticas e está situada no Complexo Industrial de Sines.

Durante a noite, registou-se “uma boa adesão” dos trabalhadores, indicou o representante da estrutura sindical, sem adiantar números concretos sobre a paralisação.

Por seu turno, em comunicado enviado à agência Lusa, a administração da EuroResinas, do grupo Sonae Arauco, argumentou que a adesão à greve é reduzida: “Dois colaboradores aderiram hoje à greve, um no turno da noite e outro no turno da manhã”.

A administração lamentou também a postura de “total inflexibilidade por parte do sindicato, que sistematicamente rejeita as propostas apresentadas, desrespeita o processo negocial e a vontade da maioria dos trabalhadores”.

Nesta que é a segunda greve nesta empresa no espaço de dois meses, os trabalhadores exigem “um aumento salarial de 90 euros” e acusam a administração de “praticar uma política de baixos salários”.

“A empresa apresentou valores abaixo dos 40 euros, inferiores ao salário mínimo nacional”, explicou o sindicalista, adiantando que a proposta da administração, que se situa nos “0,83 cêntimos por dia a cada trabalhador, nem dá para comprar um pão”.

De acordo com o dirigente, a EuroResinas, que “tem todas as condições de praticar melhores salários”, acusou “os trabalhadores pelos prejuízos de milhares de euros” durante a paralisação realizada entre 03 e 12 de novembro do ano passado.

“É verdadeiramente vergonhoso” que uma empresa prefira “ter um prejuízo de milhares de euros” e “não pague aos trabalhadores salários dignos, porque, para resolver esta situação, bastava mais 50 cêntimos por cada trabalhador”, acusou Jorge Magrinho.

Segundo o SITE SUL, além dos aumentos salariais, os trabalhadores têm reivindicado a progressão das carreiras, a eliminação da precariedade, a implementação de um seguro de saúde igual para todos e a atribuição de subsídio de transporte.

No comunicado enviado à Lusa, a empresa adiantou que, durante o processo negocial, foram propostos “aumentos salariais superiores ao dobro do negociado para a função pública”, tendo sido “rejeitados” pela estrutura sindical.

Perante “o atual cenário de incerteza económica, com um aumento descontrolado e fortemente penalizador dos custos das matérias-primas e da energia, a administração da EuroResinas já informou o sindicato de que chegou ao limite da sua capacidade negocial no que respeita a aumentos salariais”, é referido no comunicado.

Esta unidade industrial dedica-se ao fabrico de resinas sintéticas à base de formaldeído, papel impregnado e ao comércio de metanol.