A linguagem artística e as realidades demográfica e socioeconómica da Estremadura espanhola e da região portuguesa do Alentejo cruzam-se numa nova exposição em Évora, de Maite Cajaraville, a inaugurar no dia 19 deste mês.
A mostra, intitulada “ALVEX”, vai poder ser visitada pelo público, até 26 de junho, no Centro de Arte e Cultura (CAC) da Fundação Eugénio de Almeida (FEA), fruto da colaboração entre esta entidade e o Museu Extremeño e Ibero-Americano de Arte Contemporânea (MEIAC).
Em comunicado, a FEA explicou hoje que “ALVEX”, resultante do acrónimo AL(entejo) V(irtual) EX(tremadura), vai apresentar duas esculturas da artista espanhola, concebidas digitalmente e impressas em três dimensões (3D).
Uma das esculturas, a da Estremadura espanhola, já foi apresentada por Maite Cajaraville no projeto artístico “VEXTRE”, exibido no MEIAC no ano passado.
Trata-se de “uma escultura concebida digitalmente”, mas impressa em 3D, na qual é possível avaliar parâmetros económicos, demográficos, urbanos ou de emprego, entre outros, da região da Extremadura espanhola, indicou a FEA.
A esta peça, é agora acrescentada uma outra dedicada ao Alentejo, também concebida e produzida por Maite Cajaraville.
“A recolha e análise minuciosa dos dados socioeconómicos do Alentejo é traduzida para uma linguagem artística que convida à reflexão sobre as condicionantes do presente e as possibilidades de futuro” desta região, destacou a organização, que referiu que a mostra tem curadoria de Natalia Piñuel Martín e José Alberto Ferreira.
Ambas as peças vão ser exibidas ao mesmo tempo, para que, perante os espectadores, possa acontecer este ‘diálogo’ sobre “duas realidades silenciosas divididas por uma fronteira”.
“Um dispositivo de realidade aumentada (QR) acrescentará esferas de legibilidade a cada região, acesso a informações complementares e a possibilidade de inclusão dos visitantes na exposição”, acrescentou a FEA.
Segundo Maite Cajaraville, “é preciso despertar a curiosidade pela experimentação tecnológica na sociedade e nos artistas, facilitando uma transferência tecnológica, científica e criativa para a sociedade como um todo”.
É necessário “promover uma mudança de mentalidade que motive o pensamento crítico sobre o meio rural e que desperte as possibilidades de sobrevivência e o orgulho em pertencer”, defendeu a artista.
Já a curadora Natalia Piñuel Martin destacou que “falar da obra de Maite Cajaraville significa reivindicar uma das artistas pioneiras da arte digital em Espanha”.
“Uma característica fundamental ao longo de toda a sua carreira é a capacidade de reverter imaginários e condicionamentos sociais por meio da interação com o público, utilizando para isso dispositivos atuais da nossa realidade a partir dos contextos da arte contemporânea”, acrescentou.
Antes da abertura, entre os dias 16 e 18, alunos e professores vão poder acompanhar a impressão em 3D da peça, feita em cerâmica, e dialogar com a artista e restantes membros criativos da equipa sobre todo o processo de conceção e materialização.