Dormidas na península aumentaram 52 por cento

Setúbal, Almada e Sesimbra foram os concelhos mais procurados. Presidente da ERT, Carla Salsinha, diz ser necessário continuar a promover os produtos diferenciadores e a apostar na qualificação da mão de obra.

O turismo é uma atividade em franca progressão em toda a península de Setúbal. Em 2022, de acordo com os da – dos estatísticos fornecidos pela Entidade Regional de Turismo de Lisboa (onde se incluem os nove concelhos da região) atingiram-se números recorde. Foram registadas 1.315.578 dormidas, a melhor marca de sempre e que comprova uma evolução positiva de 52 por cento face ao ano anterior.

“A evolução positiva do turismo na península de Setúbal é uma realidade ao longo dos últimos dez anos, onde a subida dos números foi sempre uma constante”, disse à Semmais a presidente da ERT Lisboa, Carla Salsinha.

A responsável da ERT entende que existem várias razões para o crescimento verificado, sublinhando, no entanto, “a aposta nos produtos diferenciadores e na gastronomia”. “Os dados de que dispomos são referentes, apenas, a dormidas. No entanto, o número de turistas na península será muito mais elevado. Não nos devemos esquecer que muitos visitantes ficam em Lisboa, que está a curta distância. Creio que, no futuro, será fundamental continuar a aumentar a oferta nos nove concelhos da margem Sul”, afirmou.

Carla Salsinha abordou também a questão polémica dos empreendimentos turísticos que vão aumentando no Litoral Alentejano incluídos no distrito: “Entendo que o turismo é um vetor fundamental para a economia, porque cria emprego e interfere favoravelmente no comércio e até na agricultura. A chegada de estrangeiros famosos à região, seja como visitantes ou como empreendedores, pode ajudar a indústria. Se existem constrangimentos ambientais, estes têm de ser analisados por todos os intervenientes, sobretudo pelas câmaras municipais. É aos autarcas que compete travar eventuais invasões de resorts e manter a autenticidade de cada zona, promovendo o respeito pela natureza”.

A presidente da ERT Lisboa entende, por outro lado, que o turismo, à semelhança de outras atividades, padece da falta de mão de obra qualificada. “Muitos jovens saem de Portugal devido às fracas remunerações. Vão valendo os emigrantes que, no entanto, não estão preparados para fazer muito do trabalho exigido. São necessárias muitas ações de formação e nós temos vindo a alertar os serviços estatais para isso. Sabemos, por exemplo, que há restaurantes que fecham as portas mais cedo do que o previsto porque não têm pessoal habilitado para trabalhar”, referiu.

Setúbal lidera, Palmela foi quem mais cresceu

Setúbal, a capital de distrito, é o concelho que em 2022 conseguiu maior número de dormida, atingindo as 368.470 e suplantando Almada, que no ano anterior estava em primeiro lugar neste ranking do Instituto Nacional de Estatística.

Dos nove concelhos que integram a península de Setúbal, foram coligidos dados de oito (a Moita é a exceção devido ao chamado segredo estatístico, que não permite a divulgação de dados sempre que não exista mais do que uma entidade a oferecer serviços). “A variação registada foi favorável em todos os concelhos”, disse à Semmais o diretor do Departamento Operacional da ERT, Jorge Humberto Silva.

A análise dos dados, fazendo a confrontação entre 2022 e 2021, demonstra que o maior crescimento, de 91,4 por cento, verificou-se em Palmela, que passou de 42.445 dormidas para 81.257.

O crescimento do concelho de Setúbal cifrou-se nos 53,9 por cento, o de Almada, que agora é o segundo mais procurado para dormir, registou 40,6 por cento. Acentuado é também o aumento verificado em Sesimbra, o terceiro dos concelhos, que passou de 136.737 para 232.614 dormidas (mais 70,1 por cento).

O Montijo surge em quarto lugar, com um acréscimo de 58,3 por cento. Segue-se o já referido caso de Palmela (quinto lugar apesar do maior crescimento percentual), o Seixal, que revelou apenas um aumento de 8,8 por cento, Alcochete, que aumentou 77,3 por cento, passando de 23.099 para 40.949 dormidas e, por fim, o Barreiro, cujo aumento de 7.647 para 11.644 dormidas representa um aumento percentual de 52,3.