PSP e GNR do distrito desdobram-se para redobrar as missões

Forças de segurança não verificam aumento especial da criminalidade durante a quadra, mas preocupam-se com o combate à sensação de insegurança e ao isolamento social.

A missão das forças de segurança e de emergência, como a Polícia de Segurança Pública (PSP) e Guarda Nacional Republicana (GNR) ganha especial importância nesta quadra, altura em os trabalhos têm de ser redobrados.

“É o expoente da nossa missão. As pessoas precisam de nós. É natural que nesta altura os polícias sintam mais na pele o facto de ser polícia e aquilo que a missão exige. Alguém tem de zelar pela segurança e o conforto do lar de todos”, sublinha ao Semmais o Superintendente Resende da Silva, Comandante do Comando Distrital da PSP de Setúbal.

Esta visão é partilhada pelo Coronel Marco Gonçalves, Comandante do Comando Territorial da GNR de Setúbal. “É um período muito complicado e muito exigente. Deriva do próprio modelo de policiamento, não temos apenas de garantir a segurança à população residente, mas também daquela que é flutuante, num distrito que faz aqui o eixo entre o Norte e Centro do país, com o próprio Sul”, destaca.

A pressão junto dos agentes da PSP e dos militares da GNR é reconhecida e obriga a uma gestão maior da vida pessoal e profissional. “Esta é a nossa segunda família e acabo sempre por me sentir confortável com quem estou. Óbvio que preferia estar em casa, tenho filhos, e a sociedade por vezes não compreende que, apesar da polícia ter de fazer o seu trabalho, quando tiramos a farda somos pessoas comuns”, refere o Agente Principal Vítor Kramer. “Naturalmente que é exigente a nível familiar, porque nunca conseguimos gozar o período completo, mas com esforço e compreensão conseguimos tornar esta época mais favorável e colmatar esta falha familiar”, acrescenta o Chefe José Ribeirinho.

superintendente Resende da Silva, Comandante do Comando Distrital da PSP de Setúbal.
Superintendente Resende da Silva, Comandante do Comando Distrital da PSP de Setúbal.

Uma das grandes apostas destas forças de segurança, a que se juntam, naturalmente, outras operações de âmbito nacional, durante esta quadra, é o reforço do policiamento de visibilidade, em zonas de alguma concentração humana, como os centros das cidades, os mercados e feiras de Natal e o comércio local, para combater a sensação de insegurança. “O cidadão comum, a sociedade no geral, faz a vida normal, não tem nenhum tipo de necessidade especial, mas gosta, naturalmente, de ver a polícia”, refere o Superintendente Resende da Silva. “Aquilo que temos muitas das vezes é a mediatização da criminalidade violenta, que cria uma perceção de insegurança. Não acredito que haja algum fenómeno e criminalidade que justifique essa sensação, mas temos de adaptar a nossa missão às necessidades da população. Daí ser comum, nesta altura, estarmos mais visíveis”, acrescenta o Coronel Marco Gonçalves.

Apesar de não haver, pela conversa que o Semmais teve com os Comandantes, um fenómeno extraordinário de criminalidade que preocupe excessivamente as autoridades, existem situações que pontuam a intervenção destas autoridades nesta altura do ano.

“Não é propriamente uma altura extraordinária a nível de ocorrências, comparando ao Ano Novo, por exemplo, onde somos muito mais interventivos, mas no Natal registamos algumas ocorrências de violência doméstica e outras de criminalidade violenta e grave”, revela a Comissário Sara Ferreira, na PSP de Setúbal há 13 anos, atualmente Comandante da Esquadra de Intervenção e Fiscalização Policial, que desempenha ainda funções no Núcleo de Segurança Privada e na Brigadas de Proteção Ambiental.

Ação do Destacamento de Trânsito da GNR

Além disso, existe particular atenção ao aumento do fluxo de circulação de pessoas e à sinistralidade rodoviária. “Estamos atentos aos principais fatores propiciadores de acidentes, como a utilização do telemóvel, o consumo em excesso de álcool e de drogas. Existem ainda, outros casos, como o aumento do número de veículos que passam em determinadas vias, em períodos que não costumam acontecer. Além disso, começamos a ver pessoas que não costumam conduzir grandes períodos a fazê-lo; viaturas que não costumam ser utilizadas, ou um grande nº de KM a fazê-lo; e vemos viaturas que não costumam estar carregadas a serem carregadas. Tudo isto pode potenciar um risco acrescido para os condutores”, sublinha o Capitão Hélder Lima, do Destacamento de Trânsito da GNR.

Outro dos problemas que preocupa as autoridades é a solidão e situações sociais críticas, em especial nos idosos. “A nossa preocupação central é com os idosos que estão sozinhos, quer a nível geográfico, quer social. Não têm qualquer tipo de solidariedade para com eles, não obstante os serviços sociais. Por vezes somos a única companhia que têm. Nesta altura a nossa preocupação é dar-lhe um pouco mais de atenção e carinho”, explica a Cabo Maria João Batista, da secção de Prevenção Criminal e Policiamento Comunitário.

Nesse sentido, ao abrigo do programa “Idosos em Segurança”, a GNR tem feito o levantamento no distrito sobre esta franja da população. “Há um aumento substancial em todo o território. Não apenas nos mais afastados, mas também nos mais urbanos. Além disso começamos a identificar com frequência situações bastante críticas, como dificuldades financeiras e completo afastamento social”, destaca a Cabo.