É verdade que muitas vezes, os representantes na Câmara optam por transferir a responsabilidade da resolução de problemas para o Estado, em vez de procurar soluções efetivas. Isso pode ocorrer devido a várias razões, como a complexidade do problema, pressões políticas ou a sensação de que a sua administração direta pode ser ineficaz.
No entanto, essa abordagem de “passar a batata quente” pode levar a uma falta de responsabilização e eficiência na gestão pública. Arregaçar as mangas e trabalhar para encontrar soluções necessita coragem, capacidade de liderança e, muitas vezes, colaboração entre diferentes esferas autárquicas, governamentais e mesmo da sociedade civil. Uma atitude proativa pode resultar em melhorias mais duradouras e satisfatórias para toda uma população.
Posto isto, irei elencar algumas questões da ineficiência da nossa Câmara Municipal que impediram uma vez mais os Setubalenses e Azeitonenses de usufruir das suas praias condignamente.
A gestão e as decisões não tomadas pelo Presidente da Câmara de Setúbal, especialmente em relação ao acesso às praias e às tarifas dos barcos, estes voltaram a impactar significativamente no direito ao lazer dos Setubalenses e Azeitonenses, e afetaram negativamente a experiência dos visitantes que elegeram a nossa cidade para gozar as suas férias.
O aumento do preço dos barcos para Troia, sem a tentativa de encontrar uma plataforma de entendimento entre as autarquias de Setúbal e Grândola e a Atlantic Ferries, para baixar as tarifas pelo menos durante os meses de verão, apresentou-se frustrante, especialmente por inibir a população do usufruto das praias que outrora frequentou, mas que presentemente se torna proibitivo fazê-lo devido ao seu elevado custo.
Por outro lado, mantêm-se as restrições de acesso a locais como Galapos e Galapinhos, com o corte de Estrada da Figueirinha, situação que já ocorre há quase dois anos, em que a edilidade tenta transferir a responsabilidade da resolução para o Governo, alegando que esta é da competência do Ministério do Ambiente e este não dá qualquer resposta. Este impasse impede o livre acesso às praias, obrigando a quem as quer frequentar tenha que fazer um percurso demasiado longo de mais de 20 Km ou tenha que ter possibilidades económicas para ter um barco que permita chegar a estas praias por via marítima. Esta situação tem ainda repercussão negativa nas concessões de praia, restaurantes, bares, etc.
Outra situação que dificulta o usufruto às praias pelos munícipes prende-se com o facto de que a proibição de chegar á praia de Albarquel sem ser a pé inibe pessoas idosas, pessoas com mobilidade reduzida ou mesmo pessoas com crianças de colo de se deslocarem a esta praia, que tem a vantagem de ser perto da cidade. Este impedimento poderia ser obviado ao permitir nestes casos especiais a descida da viatura até á praia com o seu imediato retorno após largar os seus ocupantes.
No que respeita à Praia da Saúde, existe o problema da segurança dos banhistas. Até ao ano passado, esta praia estava interdita a banhos, devido à existência de ferros submersos pertencentes aos carris do antigo estaleiro naval, que poderiam causar lesões aos banhistas, como constava do placard colocado na praia. Na altura, segundo informação veiculada pela Câmara Municipal, a retirada desses carris não se justificava devido ao seu elevado custo, contudo, sem ter existido nenhuma intervenção, que se saiba, passou a ser possível tomar banho nesta praia, uma vez que o placard foi retirado e colocado um nadadorsalvador
O que foi feito para tornar esta praia segura? Não existiu qualquer informação.
Também não existe informação publicada sobre a qualidade da água, pelo que seria importante e transparente fornecer essa informação aos munícipes tal como acontece com todas as outras praias da região. Esta informação reveste-se de grande importância já que a Praia da Saúde se encontra muito próximo de uma saída de esgoto da cidade, para onde drena a zona ribeirinha.
Como se costuma dizer, “quem não quer, arranja uma desculpa; quem quer, arranja uma solução”.
Mais um verão se passou sem que a Câmara Municipal tenha encontrado soluções que permitissem a todos os Setubalenses e Azeitonenses usufruir plenamente do seu direito ao lazer nas praias que circundam a zona em que vivem e onde desde sempre passam os seus verões.
Carlos Cardoso – Gestor