Ruturas nas urgências dos hospitais do Barreiro e de Setúbal está a levar os doentes para Almada e Lisboa. Os bombeiros queixam-se de perda de operacionalidade e de aumento dos custos.
TEXTO REDAÇÃO IMAGEM DR
Alguns serviços das urgências dos Hospitais do Barreiro e Setúbal têm vindo a fechar pontualmente e em horas diferenciadas, durante os últimos dois meses, em consequência da falta de efetivos. Os bombeiros destas duas cidades, mas também os de Palmela, Águas de Moura, Alcochete e Moita, acabam por ter de transportar os doentes para o Garcia de Orta, em Almada, e até para Lisboa, acumulando despesas e perdendo operacionalidade.
A situação de sobrelotação e incapacidade de resposta médica atempada repetiu-se esta segunda-feira nos Hospitais de São Bernardo e do Barreiro. Uma situação que se vem repetindo quase, diariamente, durante os dois últimos meses e que só terá ficado resolvida pelas 21h00 de ontem. Apesar de durante a manhã de hoje os serviços estarem novamente a aceitar doentes, ninguém consegue garantir que o problema não volte a agudizar-se e que os utentes não tenham de ser transportados para outros hospitais, nomeadamente o Garcia de Orta, em Almada, que possui todas as especialidades clínicas em funcionamento, e o São José, em Lisboa, para onde, por norma, são canalizados casos do foro psiquiátrico ou doentes com traumatismos mais graves.
“É uma situação preocupante e que não sabemos quando poderá ficar resolvida. É algo que afeta os doentes, sobretudo os mais idosos, que nesta altura do ano estão mais vulneráveis às doenças, e que afeta também o normal funcionamento dos serviços de prestação de socorros, uma vez que as ambulâncias acabam por permanecer muito mais tempo nos hospitais, por causa do aumento do tempo das triagens e da retirada das macas”, explicou ao Semmais Digital, pedindo anonimato, fonte de uma das corporações de bombeiros que nos últimos tempos tem sido afetada por este problema.
A nossa redação sabe que desde final de novembro foram várias as centenas de doentes que acabaram por ser assistidos em hospitais fora das áreas de residência, desconhecendo, no entanto, se tal situação terá motivado o agravamento do estado de saúde de algum. “O que sabemos é que chegamos a ter ambulâncias paradas num hospital durante uma hora ou hora e meia, a aguardar pela triagem e pela autorização para que a maca seja retirada. Se esse tempo de espera agrava ou não o estado de saúde dos doentes, não sabemos. Mas é possível e lógico que tal possa acontecer”, referiu uma fonte de outra corporação contactada.
“Os bombeiros estão a empenhar mais equipas nas operações de socorro às populações. Esse reforço não se verifica, pelos vistos, nos hospitais. Isso faz com que as instituições (corporações de bombeiros voluntários), que sobrevivem dos serviços prestados, estejam a gastar mais, porque empenham mais meios, e perder receitas, porque ao gastarem muito mais tempo a trabalhar em áreas que não são as que inicialmente lhe estão destinadas, deixam de fazer outros serviços e obter as respetivas receitas. Perde-se, claramente, operacionalidade”, referiu uma das fontes.
O Semmais Digital contactou também os hospitais do Barreiro e de São Bernardo, para além da Central Operacional de Operações de Socorro e o Centro de Doentes Urgentes de Setúbal, mas ninguém quis prestar quaisquer esclarecimentos.