Implementação de Central de hidrogénio de Sines envolve 3,5 mil milhões

O projeto, apresentado na semana passada em Bruxelas e cuja implementação poderá começar em meados de 2021, tem por objetivo criar hidrogénio verde em Portugal, para ser exportado para o norte da Europa.

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O projeto designado pelos promotores por “Flamingo Verde” (Green Flamingo) prevê a criação de uma central de hidrogénio em Sines que, com investimento estimado em 3,5 mil milhões de euros, visa produzir hidrogénio a partir de fontes renováveis em Portugal para depois ser exportado para o norte da Europa, nomeadamente os Países Baixos, segundo o Jornal Económico.

A infraestrutura pode vir a criar “cinco mil postos de trabalho, conta com o envolvimento de Portugal, Países Baixos, Alemanha e Dinamarca e de 15 empresas”, entre as quais o Resilient Group, o banco holandês ABN Amro, a dinamarquesa produtora de turbinas eólicas Vestas, e as portuguesas EDP e Galp.

Quando estiver a funcionar, terá a capacidade de produzir 465 mil toneladas de hidrogénio por ano, eliminando a emissão de 18,6 milhões de toneladas anualmente. O calendário estabelecido estipula que as propostas para obter financiamento europeu têm de ser apresentadas em abril em Bruxelas, com os resultados a serem conhecidos em novembro. A construção do projeto poderá arrancar em junho de 2021.

Na semana passada, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, defendeu no Parlamento o “fomento de uma dinâmica de mercado que incentive o desenvolvimento e a incorporação dos gases renováveis na economia, com particular ênfase no hidrogénio”.

Entre os vários objetivos, o Flamingo Verde quer “iniciar a economia portuguesa do hidrogénio ao implementar as infraestruturas necessárias e uma massa crítica económica”, segundo a apresentação feita pelos promotores, citada pelo mesmo órgão de comunicação social.

O projeto pretende “assegurar uma cadeia de valor sincronizada para a produção de hidrogénio verde, transporte, distribuição, procura, focando-se em alavancar as energias renováveis em Portugal como um fator de competitividade com uma componente de exportação”.

Pretende assim “desenvolver um centro ibérico de exportação de hidrogénio verde, ligado à rota marítima do porto de Sines, a porta de entrada para o mega cluster do setor químico da Europa”, como nos Países Baixos e na Alemanha, pois o hidrogénio é bastante utilizado na indústria química. “Alavancar as infraestruturas existentes, recursos solares e procura local de hidrogénio no porto de Sines”, lê-se no documento.

Entre as vantagens de Sines para albergar o projeto, está o facto de ser “um porto de águas profundas e um complexo industrial químico, de contar com bastante eletricidade produzida a partir de energia solar (nos próximos anos), a existência de boas ligações elétricas e uma grande quantidade de engenheiros qualificados”.