Depois de ter sido assumido como uma das prioridades do Governo em matéria de energia para os próximos anos, esta quarta-feira o Ministro do Ambiente reiterou a ideia no Parlamento.
Segundo Matos Fernandes, o Executivo quer arrancar “no início do próximo ano com o projeto de produção de hidrogénio verde à escala industrial”.
Anunciado pelo secretário de Estado da Energia no final de 2019, o projeto industrial de hidrogénio verde prevê a instalação de uma grande unidade industrial em Sines, mas não será transversal a outros territórios. “A produção de hidrogénio verde não se resume a Sines, haverá projetos de escala variável, dispersos pelo território, estando o Governo a preparar um plano de ação para o hidrogénio, no qual o apoio à produção descentralizada será uma das prioridades”, afirmou o ministro esta manhã durante a audição.
O projeto está, para já, a ser estudado em conjunto com a Holanda, mas o Governo já admitiu abertura para negociar com outros países. Até 2030, o hidrogénio verde deverá captar um investimento na ordem dos três mil milhões de euros, para uma produção estimada de 175 mil toneladas, no máximo, por ano.
“Juntamente com a nova legislação sobre comunidades de energia, a produção descentralizada de hidrogénio é uma oportunidade para atrair investimento para o interior, permitindo a cada território tirar o melhor partido dos seus recursos endógenos e, assim, participar ativamente na transição energética, mostrando que a descarbonização, embora seja um desafio, é sobretudo uma oportunidade”, rematou o ministro perante os deputados da Comissão de Ambiente.
O projeto aproveitará as “vantagens estratégicas” do porto de Sines, bem como o baixo preço de produção de energia elétrica solar em Portugal. O objetivo é tornar o país numa potência do hidrogénio à escala mundial, como o Governo já admitiu noutras ocasiões, e assim reduzir as importações e a dependência energética. “É também um projeto de desenvolvimento económico e social, que criará ou requalificará emprego já existente, podendo ser apoiado por fundos europeus e por financiamento do Banco Europeu de Investimento”, concluiu o ministro.