Rui Horta quer reabrir O Espaço do Tempo em maio

Sem residências artísticas ou espetáculos, cancelados ou reagendados devido à pandemia de covid-19, a estrutura cultural O Espaço do Tempo, em Montemor-o-Novo, prevê reabrir já em maio e está a programar “um verão de trabalho”.

“Mantivemo-nos a trabalhar praticamente até ao estado de emergência, mas, por essa altura, fechámos. O que fizemos foi tentar reagendar tudo o que era possível e, portanto, a equipa vai trabalhar muito duro no próximo verão”, disse
à Lusa o diretor do centro transdisciplinar, Rui Horta.

Segundo o também coreógrafo, o objetivo passa por “tentar, logo que seja possível, recuperar” as criações artísticas que tiveram de ser interrompidas, pelo que o Espaço do Tempo vai acolher “muitas residências nos meses de julho e agosto”.

“Esperamos que seja possível, para ver se conseguimos passar para o final do verão as criações que estavam previstas para o final desta primavera. A ideia é que o verão seja de trabalho e que julho e agosto sejam meses muito fortes no Espaço do Tempo”, vincou.

Neste centro artístico e cultural, que agora está instalado numa antiga oficina da cidade de Montemor-o-Novo, a Oficina Magina, enquanto decorrem obras no Convento da Saudação, já se pensa, contudo, em retomar o trabalho mais cedo. “Se tudo corresse bem, gostávamos de arrancar no dia 18 de maio com duas residências de teatro que estavam programadas e que queremos manter”, assumiu Rui Horta.

Mas, essa reabertura ainda não está fechada: “Temos que ver e estar sintonizados com o Governo, só podemos funcionar sob essa liderança”, acrescentou.

Até ao estado de emergência, iniciado a 19 de março e prolongado agora até 2 de maio, o Espaço do Tempo “adotou medidas de proteção muito cedo”, como “a desinfeção do calçado e das superfícies, o uso de máscaras” ou o funcionamento das equipas “com horários e refeições em horários diferentes”, exemplificou.

Após esse momento, com as instalações já encerradas, “a equipa passou toda para teletrabalho e os espetáculos que não podiam ser feitos pagámo-los, portanto, chegámo-nos à frente e pagámos aos artistas. E fizemo-lo com muito prazer, mantivemos o nosso apoio da Direção-Geral das Artes e essa é a nossa obrigação”, frisou.

Rui Horta referiu que “duas ou três residências artísticas passaram para o próximo ano”, porque os próprios artistas assim o decidiram, e a estrutura transdisciplinar reagendou “umas cinco ou seis para julho e agosto”.

O ciclo de conferências “Temos e Não Sabemos”, que estava a decorrer na Oficina Magina, vai ser retomado igualmente em julho, “no campo, ao ar livre, em zonas nos arredores de Montemor-o-Novo”, indicou.

Assumindo-se como “um otimista”, Rui Horta disse acreditar que, depois da crise provocada pelo novo coronavírus, se vai “conseguir dar a volta a isto”, mas defendeu que os artistas precários, que têm colocado gratuitamente conteúdos online em redes sociais como o Facebook, deviam ser compensados: “Era essencial que houvesse um apoio a fundo perdido das operadoras de telemóveis e das redes digitais porque estão a enriquecer com a miséria dos outros”.