Adeptos do Vitória festejam manutenção conseguida “a ferros”

As regras de combate à propagação da Covid-19 impediam os ajuntamentos, mas nem por isso os adeptos do Vitória deixaram de encher as ruas da cidade com a festa da manutenção.

Se há coisa que parece não faltar aos adeptos do Vitória de Setúbal é a esperança. Talvez o verde das camisolas a isso ajude, mas a verdade é que, ano após ano, época atrás de época, as contas da manutenção são feitas até ao último minuto da última jornada.

Esta época, aquando da paragem imposta pela pandemia, a equipa do Bonfim parecia calmamente instalada nos lugares que garantem a manutenção, mas a chegada do vírus “contaminou” as contas aos sadinos e, só no último jogo, realizado este domingo, em casa, ficou carimbada a permanência.

Na derradeira partida, frente ao já seguro Belenenses SAD, o Vitória dependia de si mesmo para continuar no escalão maior do futebol nacional.  O empate conseguido frente ao Sporting, na penúltima jornada, deixava os sadinos em vantagem frente ao Portimonense e com um triunfo frente aos de Belém a manutenção estava garantida. O Vitória precisava de, no último jogo, conseguir o mesmo resultado que os algarvios para assim evitar a despromoção. O Portimonense não facilitou e ganhou ao Aves, já condenado, e o triunfo no Bonfim era a única hipótese de manutenção.

Entre ansiedade e nervosismo, os jogadores contaram com uma massa associativa aguerrida que, mesmo impedida de estar no estádio, acompanhou o autocarro da equipa, fez um cordão humano em torno do estádio e gritou a plenos pulmões, na rua e nas varandas em redor do Bonfim, para que dentro de campo se ouvisse o apoio.

O primeiro golo dos sadinos, aos 31 minutos, deu indicações de que a equipa trazia a lição bem estudada. Mas o segundo golo anulado pelo vídeo-árbitro, por fora de jogo, impediu o Vitória de alargar a vantagem e chegar ao intervalo com a tranquilidade necessária. Quando, em Portimão, os da casa marcaram por duas vezes, na segunda parte, as contas ameaçaram complicar-se. Se o Belenenses chegasse ao golo que daria o empate, em Setúbal, mudava tudo. E foi sofrer até ao final! Já em tempo de descontos, o Vitória faz o dois zero que descansa a massa associativa na rua, os jogadores no campo e no banco e a direção do clube.

A custo, e com muito sofrimento à mistura, a equipa sadina consegue num único jogo os mesmos três pontos que tinha alcançado desde que o campeonato recomeçou. Mas mais importante que isso, consegue a desejada manutenção no escalão maior do futebol nacional. Uma conquista que, nas ruas de Setúbal, assumiu as proporções de um título tal foi a intensidade dos festejos.