Pandemia “baralhou” planos iniciais de escola de aviação em Ponte de Sor

A escola de aviação Global Flight School abriu portas em Ponte de Sor em 2019, após um investimento de 10 milhões de euros, mas a Covid-19 alterou os planos de formação traçados para o projeto.

Os alunos que iniciaram em novembro do ano passado o curso de pilotos de linha aérea no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor eram para ter já iniciado as aulas de voo, mas devido à pandemia as autoridades têm vindo a “adiar” os exames que conduzem a esse patamar.

“Devido a esta situação da pandemia, teve de haver alguns ajustes em termos de datas e estamos a apontar, agora, para outubro o início de dois novos cursos (com 30 alunos)”, disse hoje à Lusa o responsável da Global Flight School (GFS), Nélio Fidalgo.

A GFS iniciou a atividade no aeródromo alentejano em novembro de 2019, com uma turma de 11 alunos, e atualmente tem também seis formandos oriundos de Approved Training Organisations (ATO) e espera outros seis em setembro.

Para os dois próximos cursos, com início previsto para outubro, a GFS espera ter 15 alunos em cada um.

“Sem a pandemia teríamos seguido o nosso objetivo, que eram os 50 alunos por ano na GFS. Teriam sido três turmas em três períodos diferentes: março, maio e setembro”, lembrou.

O objetivo dos 50 alunos por ano, sublinhou Nélio Fidalgo, “tem a ver com a dimensão da escola e da estrutura que pretendemos ter, assim como com o ensino de qualidade que é o nosso principal foco”.

Segundo o mesmo responsável, com o investimento de 10 milhões de euros, a GFS foi a escola que “mais investiu” até hoje no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor.

“Acreditamos no projeto de Ponte de Sor e acreditamos que vai ser um dos principais pontos portugueses aeronáuticos, devido à proximidade com Lisboa e às condições da pista, grande, com 1.800 metros”, disse.

Atualmente, com 25 postos de trabalho criados, a GFS espera aumentar a frota e chegar aos 50 postos de trabalho “no espaço de um ano”.

“Se não tivesse sido a pandemia, mantendo os objetivos e a cronologia que tínhamos estipulado, já tínhamos chegado aos 50 colaboradores”, acrescentou.

O representante da GFS espera que, dentro de seis meses a um ano, “no máximo”, a aviação volte a ter os destinos abertos e que o turismo retome a sua atividade, quadro que levará à procura de pilotos.

A formação na GFS é composta por duas fases, com a componente teórica lecionada em Lisboa e as aulas práticas (voos) no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor.

Apesar do atual contexto de pandemia que tem afetado a aviação comercial, segundo a GFS, o setor estima que nos próximos 10 anos sejam precisos “500 mil pilotos” de linha aérea.

Além da GFS e de uma outra escola de aviação, o aeródromo alentejano tem sediadas nas suas instalações uma base da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), uma unidade de produção de aeronaves não tripuladas, uma fábrica de manutenção e reparação de componentes aviónicos, uma unidade de manutenção de ultraleves e o Aero Club de Portugal com instrução de voo de planadores, entre outras instituições.