As intervenções estruturais nas bacias de retenção da Ribeira da Figueira, na Algodeia, e da Ribeira do Livramento, na Várzea, já estão concluídas e visam impedir as históricas cheias na baixa da cidade. Nas duas áreas estão a nascer novos parques urbanos, com obras a bom ritmo.
A construção das bacias de retenção, concluídas há sensivelmente ano e meio e que custaram mais de 3,5 milhões de euros, teve como principal objetivo a prevenção de cheias, mas, em simultâneo foi “a oportunidade para se criarem grandes parques urbanos com a plantação de mais de mil árvores e arbustos e, assim, contribuir também para a descarbonização, numa visão de combate às alterações climáticas”. A explicação de Carlos Rabaçal, vereador das obras municipais da câmara de Setúbal, sustenta ainda a ideia de que os espaços envolventes foram criados “numa lógica urbana de renovação que permite a fruição em lazer, cultura ou desporto”.
A obra na bacia de retenção da ribeira da Figueira, que resulta na ampliação do Parque da Algodeia para norte, permitiu dotar o espaço com novas valências e simultaneamente “solucionar o problema das cheias”. Com um investimento superior a um milhão de euros, comparticipados por fundos comunitários em 75%, “foi uma oportunidade para criar um campo de rugby, um skate parque e uma nova área de lazer. Vai permitir ainda recuperar a zona de hortas urbanas, conceber um espaço de interpretação ambiental e, eventualmente, aumentar a oferta de restauração no jardim da Algodeia e um conjunto de equipamentos para fruição”. As intervenções que faltam acabar estão em curso ou prestes a começar e o autarca assume que “ficarão concluídas ainda durante este mandato, uma vez que não estão dependentes de fundos comunitários e serão feitas com meios próprios”.
Projeto da Várzea aguarda luz verde dos fundos comunitários
Mais demorado poderá ser o projeto da Várzea. O “grande parque” como faz questão de frisar Carlos Rabaçal. “São 19 hectares de parque urbano com condições únicas e que será o maior do concelho”. A bacia de retenção da ribeira do Livramento já concluída “cumpriu a função de reter as águas pluviais, mas a obra fez muito mais do que isso”. “Numa fase prévia à obra da bacia acabámos com as linhas de águas residuais domésticas (esgotos) que corriam diretamente para a ribeira”, explica ao Semmais.
Apesar da conclusão do parque estar dependente de uma candidatura a fundos comunitários, que permitirá fazer face a 85% dos mais de 3 milhões previstos para a concretização, Carlos Rabaçal enumera os trabalhos que já foram feitos e que permitem já que a zona seja usada para caminhadas e não só. “Fizemos já mais de dois quilómetros de caminhos que, até ao final do ano, vão receber iluminação. Estamos a fazer sondagens para dois furos de rega e a criar um anel de rega gigantesco à volta do parque, vamos plantar centenas de árvores e arbustos e instalar pontes ou passadiços sobre as linhas de água mais largas. as obras estão a ser feitas e serão feitas com meios próprios enquanto a candidatura a fundos não for aprovada. Estamos a falar de mais de um milhão em empreitadas. Se os fundos chegarem no início de 2021, acredito que todo o projeto do Parque da Várzea possa estar concluído no final desse ano, mas não é um prazo que dependa em exclusivo da câmara. O que depender de nós, que são as infraestruturas básicas, estará concluído até ao final do mandato”.
CAIXA
As águas paradas da discórdia
O projeto inclui a construção de um lago “concebido para manter a água quando chove, o que permitirá que se mantenha cheio durante 8 a 9 meses e depois será alimentado artificialmente através dos furos”. Contudo, o que está à vista é o que as vozes críticas têm chamado de charco. O responsável pelas obras municipais admite que “o que existe são efetivamente águas paradas, retidas da chuva e, por isso, a bacia está a cumprir a função. A autarquia tem feito desinfestações e estamos a trabalhar nos elementos do que será futuramente um lago capaz de receber as águas pluviais, tratá-las e drená-las com um caudal controlado”.