Bombeiros de Évora alertam para dificuldades no transporte de doentes

O presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Évora alertou ontem que as corporações estão com dificuldades face ao excesso de doentes com Covid-19 transportados de lares e à demora na sua admissão no hospital.

“A questão da Covid-19 e da Urgência” do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) “está difícil”, porque a unidade “está cheia, tem dificuldades em receber os doentes”, disse Inácio Esperança.

O responsável revelou que, fruto disso, “há várias corporações que têm ambulâncias, com doentes, paradas durante horas” no exterior do hospital.

“Há falhas na Saúde”, que “está a ser muito pressionada”, e “devia-se ter pensado em alternativas e programado as coisas de outra maneira”, porque “este grande afluxo era mais do que previsível”, argumentou.

Contudo, o presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Évora reconheceu também que o aumento do número de doentes com covid-19 “é uma questão global, pelo país”, não acontece “só em Évora”, nem está apenas ligada aos hospitais.

“Estamos a assistir a um pandemónio nacional e o sistema é que está globalmente a falhar, tudo isto é uma cadeia”, frisou.

Segundo Inácio Esperança, “o problema não pode ser só o HESE, nem os bombeiros”, porque “o problema também são as estruturas residenciais para idosos (ERPI) e os lares, que despejam as pessoas no hospital”.

“O grande problema é a falha a montante, nos lares, não é a jusante, nos hospitais. Não há pessoas para cuidar dos velhotes nos lares”, criticou.

Ainda sobre esta alegada “falta de pessoal”, o responsável argumentou que “não há médicos nem enfermeiros em permanência nos lares, por isso, é que os utentes descompensam” e têm que ser levados para o HESE.

“Alguns deles não vêm para ali por `covid`. Vêm por outras coisas, como desidratação, que eram evitáveis se tivessem assistência médica e de enfermagem nos próprios locais”, alegou.

Avisando que “o pior ainda está por vir”, porque as infeções provocadas pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 “vão aumentar”, Inácio Esperança apelou “às instituições do distrito de Évora e regionais”, mas também ao Ministério da Saúde, para criarem, “a curto prazo, um plano para tentar resolver a questão, não só a montante, como a jusante”.

“As entidades têm de olhar para este problema como um todo e não pensarem que o problema é apenas dos outros, dos bombeiros ou do hospital. Tem que se criar um plano para resolver isto, porque ainda não se atingiu o pico” de infeções, alertou.