O clube da vila piscatória venceu a primeira edição da Taça CERS, em 1981. Agora, devido à pandemia, joga quando os médicos deixam ansiando pela subida à II Divisão Nacional.
O hóquei em patins é a modalidade de maior prestígio dentro do Grupo Desportivo de Sesimbra. Atualmente na III Divisão Nacional, a equipa sesimbrense conseguiu, em 1981, sagrar-se a primeira vencedora da Taça CERS, a segunda mais importante competição europeia de clubes. Mas isso foi há 40 anos. Hoje, para irem treinar, os jogadores utilizam uma carrinha cedida pela direção, viatura que é conduzida quatro vezes por semana por um dos atletas.
O treinador, Marco Costa, conversou com o Semmais e começou por deixar uma mensagem de esperança na equipa, referindo que apesar de se encontrar na III Divisão, o objetivo passa por atingir, já esta época, o escalão imediato e, posteriormente, consoante as condições, voltar à divisão principal. Até lá, no entanto, é preciso jogar e isso é, até ver, coisa que acontece… de vez em quando.
“A pandemia é a principal responsável por esta situação, que afeta principalmente as equipas dos escalões mais baixos, como o nosso. Já tivemos o jogo com o Marítimo, da Madeira, para a Taça de Portugal, agendado em três ocasiões e, até hoje ainda não conseguimos disputá-lo. Entretanto outras equipas já jogaram e continuamos a aguardar o adversário. Se passarmos esta eliminatória temos de defrontar o Cascais e, depois, caso sejamos apurados, recebemos o Benfica”, diz ainda o técnico.
A incerteza do calendário, para além de transtornos desportivos, causa também problemas laborais aos atletas, que de algum modo tentam junto dos patrões conseguir as autorizações para jogarem e treinarem. “Temos três jogadores de Lisboa, dois de Almada, um de Santo André e quatro de Sesimbra. Este ano, depois de muito esforço por parte da direção, foi possível arranjar uma carrinha de sete lugares. A carrinha é conduzida por um dos jogadores que reside em Lisboa e que vai apanhando os colegas pelo caminho, para que possam, quatro vezes por semana, treinar e jogar”, conta Marco Costa.
Falta de adeptos ‘seca’ entusiasmo e receitas da bilheteira
O pavilhão que o Grupo Desportivo de Sesimbra utiliza é um dos melhores do país e, no período antes da pandemia, estava repleto de adeptos fervorosos, os quais transformaram o recinto, em tempos idos, num verdadeiro calvário para os adversários.
“Costumava-se dizer que as equipas adversárias ainda estavam em Santana, a descer para Sesimbra, e já estavam a perder por 1-0”, diz a brincar o treinador da equipa maioritariamente suportada pelos pescadores locais.
A falta de adeptos não se traduz, no entanto, apenas na ausência de apoio entusiástico nos jogos. Marco Costa diz que a ausência das receitas de bilheteira é importante e sentida no clube. “Veja-se o caso do possível jogo com o Benfica. Com a possibilidade de haver público teríamos o pavilhão, que é grande e com excelentes condições, cheio. Sem ninguém nas bancadas não se faz dinheiro algum e o hóquei, como é fácil de perceber, não é uma modalidade barata”, refere o treinador, lembrando que há dois anos, quando da receção ao Sporting, que se havia sagrado campeão europeu, foi possível encher as bancadas e, em consequência, a gaveta do tesoureiro.
Marco Costa, que também treina a equipa de sub-19 da vila piscatória, acredita que em breve seja possível a retoma a outros níveis competitivos. Lembra que as suas equipas, ao contrário do que sucede com muitas outras que atuam nas I e II Divisões nacionais, não tem atletas estrangeiros, questionando mesmo a utilidade de alguns deles quando comparados com jogadores nacionais. “Portugal é campeão do mundo, mas muitas equipas têm jogadores estrangeiros porque estes acabam por ser mais baratos que os portugueses. A exceção a essa qualidade inferior de alguns atletas estrangeiros parecem ser os que representam as equipas profissionais: Benfica, Porto, Sporting, Óquei de Barcelos e Oliveirense”, afirma.
Caixa
Vencedores da Taça CERS
Na sala de troféus do Sesimbra é a Taça CERS, conquistada na época de 1980/81, que assume maior destaque. A equipa da casa, que entre outros contava com Fernando António, Carlos Garrancho (desaparecido há dois anos) e Carlos Cunha, venceu a prova derrotando na final os holandeses De Lichtstad (vitórias por 4-1 em Portugal e 2-0 na Holanda). Antes haviam ficado pelo caminho os franceses do Gujan, os espanhóis do Nóia e os italianos do Lodi. Da mesma equipa, liderada por Ernesto Meireles (falecido em 2017), faziam também parte José Adrião, José Pedro, Carlos Pereira, Guedes e Silveira.